Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Itália receberam, nos últimos quatro meses de 2012, fundos que equivalem a 9% do seu PIB. O valor é, ainda assim, modesto quando comparado com os fundos que abandonaram a região nos primeiros oito meses do ano.

O capital está a regressar aos países da Europa mais afectados pela crise da dívida. As contas são do ING e são citadas hoje pelo “Financial Times”: “A periferia europeia recupera 100 mil milhões de euros”.

Na prática, o valor é ligeiramente inferior. Os fluxos privados líquidos que deram entrada em Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Itália foram de 93 mil milhões de euros nos últimos quatro meses de 2012, segundo as contas do ING. O montante representa 9% dos respectivos produtos internos brutos (PIB).

A melhoria da percepção de risco da região mais afectada pela crise da dívida começou a ganhar força depois das eleições na Grécia e em França, antes do Verão no ano passado, mas foi, principalmente, o facto de o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, ter garantido que iria fazer tudo para salvar o euro que trouxe ânimo à região.

O valor apresentado pelo ING para as entradas de capital entre Setembro e Dezembro é tímido quando se analisa a saída de capital destes mesmos cinco países nos oito meses anteriores. Abandonaram as economias periféricas 406 mil milhões de euros, mais de quatro vezes mais do que o que entrou nos outros quatro meses. O valor corresponde a quase 20% do PIB destas economias, segundo o “Financial Times” que cita as contas do ING.

“Se virmos a saída de capital nos primeiros oito meses do ano passado, aquilo foi assustador. A confiança é difícil de conquistar mas é fácil de perder. Ainda há um caminho a seguir, mas há uma inversão considerável da fuga de capitais”, comentou o economista do ING, Martin van Vliet ao FT.

A publicação financeira avançava ontem, citando dados do Banco Central Europeu, que o momento de maior calma financeira tinha trazido de volta mais depósitos para os países da periferia em Dezembro, invertendo uma tendência do início do ano. Quando se chegou a temer que a Grécia pudesse abandonar a Zona Euro, muitos depositantes retiraram o seu dinheiro com receios de que o dinheiro se pudesse desvalorizar.

Com uma maior confiança na união monetária, os investidores têm pedido menores rendibilidades para trocarem títulos de dívida destas economias, o que é o mesmo que dizer que estes títulos têm verificado um aumento do preço. As taxas de juro implícitas a estas dívidas no mercado secundário dão uma indicação de qual será o valor pedido pelos investidores quando comprarem dívida directamente aos Estados e, portanto, a sua queda acaba por trazer um sentimento positivo para os mercados. Um optimismo que permitiu à Irlanda e a Portugal, dois dos países que necessitaram de assistência financeira externa para evitar o incumprimento, dar os primeiros passos no regresso aos mercados, mostrando-se novamente aos investidores.

Fonte: Público

 

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