A companhia está há três semanas sem pagar aos bancos. No final de Setembro de 2012, a Pescanova acumulava um passivo de 1.522 milhões de euros, dos quais 459 milhões pertencem a credores comerciais.

A Pescanova apresentou esta sexta-feira um pré-concurso voluntário de credores, antecipando os possíveis pedidos de insolvência da empresa por parte dos credores. A empresa espanhola anunciou a decisão através de um comunicado remetido à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV), reguladora do mercado espanhol.

A empresa não paga há três semanas aos bancos credores, entre os quais estão o Deutsche Bank, o Royal Bank of Scotland e o BNP Paribas, refere o “Expansión”. Com o incumprimento dos pagamentos, existe o risco das entidades bancárias pedirem a insolvência da Pescanova. A companhia espanhola tem um passivo, a curto e longo prazo, que ascendia a 1.522 milhões de euros no final de Setembro, adianta o “El País”, dos quais 459 milhões dizem respeito a credores comerciais.

A apresentação do pré-concurso surge algumas horas depois de a CNMV ter suspendido a cotação da Pescanova em bolsa, uma vez que a empresa adiou a apresentação dos resultados relativos ao exercício de 2012 até conhecer as condições relativas de duas operações em curso. A CNMV considera, em comunicado, que, “por ocorrerem circunstâncias que podem perturbar o normal funcionamento das operações sobre o valor”, suspende provisoriamente a negociação dos títulos da Pescanova.

A Pescanova informou a entidade reguladora que só vai apresentar as contas do último ano quando uma de duas condições, “com carácter eminente”, lê-se num comunicado. As duas condições são a “certeza da venda de certos activos da actividade de cultivo de salmão, reclassificados para venda” ou a “renegociação da dívida através do início de um procedimento estabelecido no artigo 5 da Lei Concursal”, refere o comunicado remetido à CNMV.

O artigo 5 da Lei Concursal refere que “o devedor pode por em conhecimento de um tribunal competente para a declaração de um concurso que iniciou negociações para alcançar um acordo de refinanciamento ou para obter adesões a uma proposta antecipada de convénio nos termos previstos da lei”, cita a Lusa.

De acordo com a imprensa espanhola, o pré-concurso foi apresentado em Pontevedra, na Galiza, e deverá transitar para os tribunais galegos.

Nos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2012, os últimos apresentados, a Pescanova reportou lucros líquidos de 24,9 milhões de euros, mais 2,2% que no período homólogo. Já a facturação cresceu 8,9% e o crescimento fora do mercado espanhol foi de 14%. O EBITDA situou-se em 127 milhões de euros no final de Setembro, um aumento de 8,8% comparativamente com o período homólogo.

Unidade portuguesa da Pescanova em “lay-off” desde Fevereiro

A Pescanova está entre os dez maiores grupos da indústria pesqueira mundial. Em 2009 inaugurou a Acuinova, em Mira, a maior unidade do mundo para a criação de pregado em aquicultura num investimento inicial de 140 milhões de euros.

Em Janeiro deste ano, a Acuinova anunciou a suspensão temporária do contrato de 84 dos 174 trabalhadores, 48% da força laboral da unidade. O “lay-off” decorre desde Fevereiro e os trabalhadores vão começar a ser incorporados novamente na empresa em Junho.

Segundo a empresa, questões relacionadas com o reajustamento da produção estão na base da medida, impulsionadas pela necessidade de melhoria nas instalações produtivas.

Fonte: Negócios

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