A aquisição da Virgin deve tornar o grupo norte-americano num dos principais actores no mercado de telecomunicações europeu e dá novo fôlego à concorrência contra Rupert Murdoch.

A empresa norte-americana Liberty Global vai comprar a Virgin Media, a segunda maior operadora privada de televisão no Reino Unido, por 17,2 mil milhões de euros. O acordo foi anunciado na madrugada desta quarta-feira e coloca a empresa do milionário norte-americano John Malone em concorrência directa com o grupo BSkyB, de Rupert Murdoch, o actual líder na oferta de televisão privada no Reino Unido.

Com o acordo selado, a empresa de John Malone terá uma entrada de rompante no mercado europeu de telecomunicações. A Liberty Global conta agora com 19,6 milhões de clientes nos EUA, mas com a entrada na britânica Virgin Media esse número aumenta para cerca de 25 milhões de clientes.

Estes números devem contribuir para que a Liberty Global se assuma como o “agente dominante” no mercado de televisão europeu, como escreve oFinancial Times. Isto porque, para além da reforçada dimensão da carteira de clientes, o grupo norte-americano vai acrescentar o Reino Unido às participações que já possui em empresas de televisão privada espalhadas por 11 países europeus, incluindo Alemanha e Bélgica.

O confronto entre John Malone e Rupert Murdoch não é novo. Os dois magnatas das telecomunicações já haviam entrado em disputa, há cerca de dez anos, pelo controlo total do maior grupo norte-americano de televisão por satélite, a DirecTV.

Mas, como escreve a Reuters, os dois lados acabariam por encontrar um consenso: a News Corporation, de Murdoch, vendeu a sua fatia de um terço da DirecTV ao grupo de John Malone, enquanto este, por sua vez, vendeu os 16% de acções que detinha na News Corporation à família Murdoch, que então se tornou na única proprietária do grupo.

No entanto, a forte entrada do norte-americano no Reino Unido deve ter um maior impacto nas pequenas operadoras privadas do que na BSkyB, de Rupert Murdoch, que tem mais do que o dobro dos clientes da Virgin Media (10,7 milhões contra 4,9 milhões da Virgin), escreve o Financial Times.

A frágil Virgin pode deixar de ser frágil 
O negócio entre a Liberty Global e a Virgin Media deve acelerar o processo de lenta recuperação da empresa de telecomunicações britânica. Em 2008, a Virgin entrou num processo de reestruturação de dívida e de mudança da sua postura no mercado, o que atenuou a sua expansão, principalmente face à forte concorrência do grupo de Rupert Murdoch.

Uma das virtudes do negócio anunciado na madrugada desta quarta-feira é precisamente o facto de a Liberty Global assumir os cerca de 4000 milhões de euros em dívida da Virgin, o que deve dar espaço de manobra ao grupo para se concentrar em conseguir mais clientes.

De acordo com a Reuters, os primeiros anos da Virgin Media enquanto grupo de telecomunicações estiveram marcados por uma série de batalhas legais com o grupo de Rupert Murdoch, a BSkyB, que desgastaram a empresa britânica. Em todo o caso, desde que teve início o processo de reestruturação da dívida da Virgin, a empresa foi-se lentamente encaminhando para a normalização, conseguindo registar o primeiro ano de lucros em 2011.

Mas, apesar do progresso, a empresa continuava de mãos atadas para conseguir mais clientes e atenuar a supremacia do grupo mediático de Rupert Murdoch, escreve a Reuters, nomeadamente no mercado britânico dos smartphones, em que a BSkyB tem triunfado quase sem oposição.

Fonte: Público

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