Com o motor da economia a abrandar, quisemos saber como se exporta e para onde. Em 2012 as empresas portuguesas venderam para fora do país bens no valor de 45 358,9 milhões de euros, um aumento de 5,8% face ao ano anterior. Mas em termos do produto interno bruto nacional, este montante corresponde a apenas cerca de 27% do PIB, bem longe ainda da meta dos 50% definida pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Isto apesar de, nos últimos dois anos, e de acordo com os dados do INE, o número de empresas exportadoras ter aumentado em cerca de duas mil, para um total de 21 mil.Isto sem ter em conta os empresários em nome individual, cujo apuramento o INE não inclui na divulgação “por questões de segredo estatístico”.

Espanha, Alemanha e França continuam a ser o ‘top 3’ no destino nas exportações nacionais, assegurando 46,6% do total, no valor de 21 117 milhões de euros. Mas Angola surge já na quarta posição, sendo responsável por 2 998 milhões, os EUA em sétimo lugar, com 1 865 milhões e a China em décimo com 779 milhões de euros. E se é verdade que 32 217 milhões de euros das nossas exportações se destinaram aos países europeus, não é menos certo que os mercados extracomunitários continuam a reforçar o seu peso, tendo contribuído com 13 129 milhões, um aumento de 19,8% face a 2011.

As exportações para a China quase que duplicaram em 2012 (mais 96,2%), graças, essencialmente, aos acréscimos registados nos veículos e outro material de transporte, destaca o INE. Este país representa já 1,7% das exportações nacionais. Já Angola reforçou o seu papel e assegura 6,6% das vendas externas portuguesas. Os EUA representam 4,1%.

Depois dos avanços a dois dígitos do comércio externo em 2010 e 2011, com respetivamente mais 17,6% e 15%, os números modestos de 2012 deixam alguma inquietação. João Duque, presidente do ISEG, explica o abrandamento das exportações portuguesas com as dificuldades dos mercados europeus, mas também com o “processo de corrosão” que sofrem nos mercados não europeus, por via do “fortalecimento do euro face a outras moedas”, salientando que o país sofre do facto de não haver “uma política cambial mais afável para as empresas exportadoras”.

Mas João Duque admite, também, que se assista já a um certo “esgotamento da capacidade instalada em termos de produtos e serviços” E dá o exemplo da restauração e da sua crise, mas que torna difícil ‘redirigir’ essa oferta para o exterior.

Há outros cenários que o economista não descarta, designadamente o de haver empresas exportadoras que tenham crescido bastante mas estejam, ainda, a observar o que se passa ou, em alternativa, que haja dificuldade das entidades bancárias em dar resposta às necessidades de capital para investimento e crescimento das empresas.

E como vai o motor da economia ganhar força e conquistar a velocidade cruzeiro? Essa é uma pergunta para a qual João Duque não parece ter resposta. “Isso é muito difícil. É preciso timoneiros e está tudo muito desanimado. Ainda vamos continuar assim por mais algum tempo”, vaticina.

Fonte: Dinheiro Vivo

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