Portugal mandatou quatro bancos para lançar uma emissão de obrigações a cinco anos que deverá acontecer nas próximas 24 horas.

Tal como o Diário Económico noticiou na semana passada, Portugal vai avançar com uma emissão de dívida a cinco anos. O Governo já mandatou vários bancos de investimento para montarem a operação que marcará o regresso do País aos mercados primários de dívida de médio prazo.

A gerir esta operação estarão o Barcklays, o BES, o Deutsche Bank e o Morgan Stanley, de acordo com informações divulgadas pela Reuters e, segundo fontes do Económico, a operação deverá estar concluídas nas próximas 24 horas. A operação incidirá numa linha de obrigações que já existe e que vence em Outubro de 2017. No mercado secundário estes títulos negoceiam com uma taxa de 4,743%.

Contactado pelo Económico, o Ministério das Finanças recusou fazer qualquer comentário, remendo para as declarações de Vítor Gaspar, ontem no final da reunião do Eurogrupo, em que o ministro sublinhou a “capacidade técnica” do IGCP para “poder realizar uma operação num prazo de tempo muito curto”.

A decisão de regressar aos mercados ocorre numa altura ideal, segundo muitos analistas de mercado de dívida. Além das taxas exigidas pelos investidores no mercado secundário estarem em queda, com na maturidade a cinco anos a baixar dos 5% durante a sessão de hoje, houve vários factores favoráveis que permitem este regresso ao mercado.

Desde logo as declarações de Vítor Gaspar de que os parceiros europeus iriam apoiar Portugal com uma extensão das maturidades dos empréstimos da UE, o que permite diminuir a pressão de refinanciamento do Estado. Além disso, também as declarações de hoje do Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, que disse que o programa de compra de dívida do BCE é uma opção para Portugal e Irlanda, ajudam a que se consiga fazer uma operação bem-sucedida.

Outro factor a ser jogado como um trunfo nos regressos aos mercados foi a execução orçamental de 2012, com Vítor Gaspar a dizer hoje que os dados preliminares apontam para um défice abaixo de 5% do PIB, o objectivo acordado com a ‘troika’. O governo estava já a preparar-se para esta operação nos últimos dias, nomeadamente num ‘roadshow’ de uma semana nos EUA junto de grandes investidores institucionais.

Os investidores estão a mostrar apetite por dívida dos periféricos. Ainda hoje, por exemplo, Espanha fez uma operação surpresa, lançando uma emissão sindicada a dez anos que registou uma procura recorde. “Isso abriu as portas para que Portugal consiga ir ao mercado”, referiu o responsável pela estratégia de obrigações do Société Générale, Ciaran O’Hagan, ao Económico.

Fonte: Económico

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