PS quer ouvir José Luís Arnaut, membro do conselho consultivo intenacional do banco norte-americano, na comissão parlamentar de inquérito do caso BES. Ligações à Venezuela e à China levantam suspeitas.

Era, desde o inicio, um elefante no meio da sala: todos tinham dúvidas sobre o papel da Goldman Sachs na fase final do descalabro do grupo Espírito Santo, todos pronunciavam o nome de José Luís Arnaud – o português que é membro do conselho consultivo intenacional do banco norte-americano – mas nenhum partido se decidia a chamar o antigo ministro de Durão Barroso à comissão parlamentar de inquérito (CPI). Por fim, o PS deu esse passo esta manhã.

O pedido dos socialistas surge um dia depois do “Wall Street Journal” ter escrito sobre o empenho de altos responsáveis do banco norte-americano para conseguirem montar uma operação com o BES, numa fase em que o banco português já estava em queda livre, e cujo racional económico é difícil de discernir. Esse é, aliás, um dos muitos mistérios dos últimos meses do BES que ainda ninguém na comissão parlamentar de inquérito conseguiu deslindar: por que razão a Goldman Sachs emprestou 835 milhões de dólares ao BES a 30 de junho, quando todos fugiam da instituição liderada por Ricardo Salgado? E porque razão, três semanas depois, o banco americano foi dos primeiros a vender a posição no BES, exatamente uma semana antes do Banco de Portugal, em conjunto com o Governo, decidir pela resolução do Banco Espírito Santo?

Pelo meio de muitas dúvidas, há uma operação financeira através de um veículo sedeado no Luxemburgo, o Oak Finance, através do qual o BES se financiou junto da Goldman Sachs. Esse veículo esteve depois envolvido num triângulo, para financiar uma empresa chinesa (Wison Engenieering, cujo CEO tinha acabado de se preso na China) para a construção de um porto na Venezuela para a PdVZA, a empresa estatal de petróleos venezuelana.

O rasto do dinheiro e a razão desta operação há algum tempo de despertaram o interesse do BdP e de deputados da comissão parlamentar de inquérito, conforme o Expresso tem noticiado. Agora, o “Wall Street Journal” garante que Arnaut foi central nesse processo, fazendo a ponte entre o banco norte-americano e Ricardo Salgado.

Um investimento que acabou por se tornar tóxico para a Goldman Sachs, depois do BdP ter decidido deixá-lo no BES mau.
Fonte: Expresso

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