O BCE decidiu seguir os exemplos da Reserva Federal dos Estados Unidos, do Banco de Inglaterra e do Banco de Japão. Irá implementar um programa de compra alargada de títulos que estará no terreno até que a inflação comece a subir. As compras serão feitas ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês.

Mario Draghi marcou o arranque de 2015 com o anúncio de um programa de compra alargada de títulos pelo BCE, o qual incluirá dívida pública, e que estará no terreno até Setembro de 2016, e manter-se-á até que a inflação da Zona Euro comece a recuperar uma tendência compatível com a meta de 2%. As compras serão feitas ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês a partir de Março.

O valor avançado pelo presidente do BCE fica acima das expectativas de mercado que, na última semana, apontavam para um montante total entre 500 a 700 milhões de euros, não ultrapassando os 50 mil milhões de euros por mês. Vão até acima dos números que, segundo a Reuters e a Bloomberg, terão sido apresentados ao Conselho de 28 governadores ontem e hoje pela Comissão Executiva do BCE (os seis membros permanentes que trabalham em Frankfurt).

O programa de compra de activos é a última grande arma ao dispor do banco central para tentar puxar pela inflação na Zona Euro que, em Dezembro, foi de -0,2%. Ainda mais preocupante para o banco central é o facto de vários indicadores de mercado darem conta de uma queda das expectativas de inflação de médio para valores inferiores ao objectivo de 2%. A expectativa de inflação de 2025 esperada para 2020 está neste momento na casa dos 1,6%.

Com esta compra o banco central espera aliviar os operadores financeiros da Zona Euro (bancos e não só) de dívida pública que têm em carteira, trocando-a por dinheiro que espera que gastem aplicando em novos financiamentos: seja na compra de outros activos, seja no crédito à economia. O BCE espera ainda que aumentar o dinheiro em circulação gere aumentos de preços. E que a taxa de câmbio do euro baixe, ajudando os exportadores da Zona Euro. É também esperado uma redução das taxas de juro que, no entanto, já estão em mínimo históricos. Além disso, e talvez ainda mais importante para muitos economistas, o BCE pretende fortalecer a sua credibilidade quanto à meta de garantir uma inflação de 2% no médio prazo.

Há vários riscos sobre o sucesso desta operação. O maior, segundo vários especialistas, e aliás já aludido no passado pelo próprio presidente do BCE, é que este tipo de instrumento da política monetária precisa de ser apoiado por políticas que estimulem a procura agregada nas economias, nomeadamente através da política orçamental. Outros críticos do programa defendem que os impactos serão pequenos porque as taxas de juro e de câmbio já estão baixas.

 

Fonte: Negócios

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