O resultado da Caixa Geral de Depósitos melhorou em 2012, mas não foi suficiente para o grupo passar aos lucros.

O ano de 2011 foi mau para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas o de 2012 não foi muito melhor. O banco público anunciou nesta sexta-feira um prejuízo de 394,7 milhões de euros referente ao ano passado (-488 milhões em 2011), justificado pelo reforço das imparidades (impacto negativo) relacionadas com crédito e com participações financeiras.

De acordo com as contas da CGD, os “efeitos conjugados da adversidade persistente da envolvente económica e financeira” e da “prudência da política de gestão de risco” levaram a um “considerável esforço” de aprovisionamento.

Só as imparidades ligadas ao crédito atingiram os 1008,6 milhões de euros, a que acrescem mais 537,9 milhões de euros respeitantes a provisões e imparidades de activos relacionadas com as participações financeiras. Neste caso, o banco do Estado, liderado por José de Matos, destaca as posições detidas na Portugal Telecom (6,2%), Fundo Discovery e na empresa La Seda Barcelona. Além disso, a instituição destaca a exposição “a títulos detidos pela área seguradora” e a imóveis que pretende alienar, com reflexos nas contas de 2012. Isto no ano em que teve receitas extraordinárias, com a venda a Isabel dos Santos da posição na Zon (10,7%), Galp Energia (1%) e a alienação dos Hospitais Privados de Portugal à AMIL.

Ao nível do negócio bancário, Espanha também contribuiu de forma negativa, ao contrário das restantes geografias onde opera. De acordo com a CGD, o contributo da actividade internacional para o resultado líquido foi negativo em 41,7 milhões de euros. No entanto, diz a instituição, sem Espanha, que “estrategicamente é parte integrante do mercado doméstico do grupo”, o resultado internacional já passa a ser positivo em 99,4 milhões de euros.

A margem financeira alargada caiu 20,2%, não apenas com a descida das taxas Euribor, mas também por causa da “evolução adversa dos rendimentos de instrumentos redução dos rendimentos de capital” que resultam do processo de desendividamento.

Os depósitos de clientes aumentaram em 1515 milhões de euros (mais 2,4%), para 65,5 mil milhões de euros. Entre os particulares, o aumento foi de 2,2%. Ao mesmo tempo, o rácio de transformação medido pelo peso do crédito líquido nos depósitos de clientes situou-se em 114%, abaixo dos 120% recomendados pela troika. O crédito a clientes baixou 4,5%, caindo para 74,7 mil milhões de euros. É uma consequência do “ajustamento do padrão de gestão de algumas empresas” e do contexto recessivo da economia, explica o banco.

De todo o crédito a clientes, 78% diz respeito à actividade da CGD no mercado português. O crédito a empresas caiu 4% (no caso do crédito ao sector público administrativo o recuo foi de 19,7%). Aos particulares, o crédito caiu igualmente 4%, com um recuo de 3,7% nos empréstimos à habitação. O número de contratos baixou (para 5772 operações), assim como o volume de novos contratos (que totalizaram 434 milhões de euros). Na actual conjuntura, o rácio de crédito vencido a mais de 90 dias atingiu 5,3% e o rácio de crédito em risco passou de 6,9% em 2011 para 9,4% em 2012.

Fonte: Público

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