Depois de vários meses a cair, o financiamento recebido pelas instituições financeiras portuguesas de Frankfurt voltou a crescer. Ficou, no mês passado, em 49,8 mil milhões de euros.

Os bancos portugueses voltaram, em Abril, a estar mais dependentes do financiamento do Banco Central Europeu. A exposição a Frankfurt alcançou, no mês passado, o valor mais alto de 2013.

O financiamento da autoridade monetária presidida por Mario Draghi aos bancos nacionais subiu de 47,79 mil milhões de euros, em Março, para 49,83 mil milhões de euros no mês passado, um aumento de 4,3%. Em Março, o financiamento do BCE aos bancos portugueses estava em mínimos superiores a um ano.

A subida de Abril é, assim, uma inversão da tendência que vinha a registar-se desde Outubro, mês a partir do qual se regista um decréscimo do financiamento prestado pelo BCE às instituições financeiras nacionais.

Apesar do avanço em Abril, a dependência face ao BCE não superou os 50 mil milhões de euros, valor que foi superado praticamente ao longo de todo o ano de 2012, e está ainda distante dos 60 mil milhões alcançados em Junho passado.

Os valores do financiamento que Frankfurt cede às instituições financeiras portuguesas continuam a ser mais elevados do que os apresentados antes da crise da dívida do euro. Esta crise é a principal responsável para que se tenham alcançado estes montantes excessivos, já que acabou por ditar um estrangulamento do mercado interbancário – os bancos não confiavam uns nos outros, um sentimento que tinha mais força no que dizia respeito às entidades financeiras de países periféricos como Portugal. Sem dinheiro dos pares, os bancos tinham de pedir emprestado ao BCE.

A exposição de Portugal ao BCE disparou fortemente em Maio de 2010, mês em que a Grécia pediu ajuda externa – nessa altura, o financiamento de Frankfurt aos bancos portugueses passou de 17 mil milhões para 35 mil milhões de euros. O valor mais alto foi atingido em Junho do ano passado quando os bancos portugueses estiveram expostos a um empréstimo global superior a 60 mil milhões de euros.

A redução da dependência em relação à autoridade monetária é uma das metas definidas pelo programa de assistência económica e financeira a Portugal da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). A diminuição da dependência é uma forma de facilitar o regresso aos mercados de dívida do País. Contudo, houve uma inversão desta tendência em Abril, mês em que ainda se sentiram os efeitos do resgate a Chipre e em que o Tribunal Constitucional chumbou várias medidas que constavam do Orçamento do Estado para 2013.

Fonte: Negócios

Comentários

comentários