O mundo descobriu mais um ‘leak’, desta vez o ‘Swiss Leaks’, uma longa lista de milionários que escolheram o HSBC na Suíça para esconderem as suas fortunas e fugirem ao fisco dos respectivos países.

Mais de cem mil milhões de dólares, 106 mil clientes de 203 países. É isto que dá mau nome ao capitalismo.

As revelações do jornal Le Monde e, depois, de uma organização internacional de jornalismo sobre a lista de clientes do banco reportam-se a 2007, e mostram a teia em que se transformou a banca de investimento, particularmente a sediada em paraísos fiscais ou em países que fizeram da protecção do sigilo bancário uma imagem de marca. Uma teia que serviu, basicamente, para enganar Estados e, por maioria de razão, os contribuintes de cada um dos 203 países que foram obrigados a pagar mais impostos para compensar o que não foi pago por estes milionários. E é preciso acrescentar que há casos e casos, e nem todos estarão naquela lista porque quiseram fugir ao fisco.

Sim, também há portugueses, num ‘honroso’ 45º lugar, medido por dinheiro. Foram quase mil milhões de dólares, num ranking liderado pela própria Suíça e que, não se espantem, tem a Grécia no 28º lugar, com mais de 2,6 mil milhões de dólares.

O HSBC já fez a sua contrição, o arrependimento do pecado, e garantiu que já mudou as regras de transparência. Sabe a pouco, tendo em conta a gravidade dos factos. E, em Portugal, já se sabe que os crimes fiscais prescreveram, mas a moral não. Porque, ao contrário do que considera José Sócrates, as decisões das elites, políticas, económicas, sociais e desportivas também devem ser avaliadas do ponto de vista moral. Sim, a moral também é para aqui chamada. E não é bonita.

A economia de mercado e a concorrência existem para promover o bem-estar e o desenvolvimento dos povos, a diminuição das desigualdades e de nível de vida. Este caso usurpa o que o capitalismo tem de melhor – a liberdade de decisão e escolha e é uma oportunidade para a regeneração do sector financeiro, para mostrar que aprendeu com os erros do passado. É, por isso, uma oportunidade para a regeneração do próprio capitalismo, sob pena de aparecerem mais ‘syrizas’ e ‘podemos’.

PS: Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis já estão na fase do ‘quanto pior, melhor’. Depois das involuções do Syriza – para citar António Costa -, o regresso a casa com uma mão cheia de nada fez também regressar a verdadeira face do novo governo grego. É um grupo de radicais de esquerda que está agora a usar os próprios gregos como uma espécie de escudo humano contra a ‘troika’, a Alemanha e os cidadãos europeus, os mesmos que têm a obrigação de pagar o direito soberano do país.

‘Se nos deixarem cair, caem todos’ é, grosso modo, a chantagem da Grécia, sem perceber que hoje, o BCE tem poderes e capacidade de intervenção para proteger o euro do caos grego. Se não ouvem os credores oficiais, Tsipras e Varoufakis deveriam prestar mais atenção aos mercados, leia-se os credores privados.

 

Fonte: Económico

Comentários

comentários