A empresa de torneiras e fechaduras Cifial sobreviveu a duas guerras mundiais e à revolução de 25 de Abril, mas esteve em risco face à concorrência chinesa e à recessão do mercado nacional.

Quando celebrou o centenário, a Cifial, fundada em 1904, contou com o ministro da Economia Manuel Pinho para abrilhantar a cerimónia. Na altura, a festa derrapou para 2005 para se tornar uma comemoração dois em um. Aos 100 anos do Centro Industrial de Ferragens (CIF) que lhe esteve na origem, juntou-se a festa dos 60 anos sobre a aquisição da empresa por José Marques.

Ludgero Marques homenageou então a memória do pai com um busto, um museu da empresa com o seu nome e um novo showroom. José Marques era trabalhador da CIF quando avançou, com outros sócios, para a aquisição da empresa ao fundador, em 1945.

Esta quarta-feira, a celebração dos 110 anos da Cifial não contará com convidados ministeriais mas terá a presença de clientes nacionais e estrangeiros que poderão conhecer a base fabril, visitar exposições que revisitam os primeiros tempos da CIF e conhecer as mais recentes novidades de uma empresa que nos anos 80 surgia na lista de fornecedores de torneiras da Casa Banca e preserva o espírito de inovação e ousadia no seu código genético.

Neste último decénio, a Cifial mudou de vida e acionistas, depois de ter enfrentado o maior desafio da sua história. A empresa sobreviveu a duas guerras mundiais, à revolução de 25 de Abril mas poderia ter soçobrado às mãos da concorrência chinesa e à redução severa de procura do mercado português.

Ameaça chinesa

“A grande ameaça veio da China. As encomendas transferiram-se para a indústria chinesa e tivemos de lutar muito para aguentar”, recorda Ludgero Marques. Mas, “as coisas voltaram a melhorar e estão a correr bem”, acrescenta.

Há dois anos, a família Marques teve de pedir socorro financeiro ao Fundo de Recuperação, gerido pela sociedade ECS, ficando com uma posição acionista de apenas 10%. Ludgero não exerce cargos na empresa, delegara nos filhos a condução dos negócios e o fundo ECS manteve Luísa Marques como presidente-executiva.

Em 10 anos, a faturação passou de perto de 50 milhões de euros para os 17 milhões esperados em 2014, incorporando já uma recuperação (20%) face a exercícios anteriores. A entrada no capital do fundo da ECS estabilizou a operação e concedeu um novo fôlego a uma das empresas industriais mais antigas do seu sector.

O segmento exportador continua a impulsionar o negócio, com o mercado americano em forte alta. Só um quinto da produção se destina ao mercado português. A marca é distribuída em 80 países e opera com filiais próprias nos EUA, Reino Unido, Espanha, Polónia.

Alguns mercados da América Latina, como Colômbia. Peru e Chile corporizam a nova aposta. A Cifial estreara-se na exportação por África, na década de 1950, acrescentando 20 anos depois o mercado americano à sua lista de destinos.

O grupo Cifial conta com duas bases fabris (metalurgia e cerâmica) e opera segundo três linhas de negócio: torneiras a acessórios de casa de banho; fechaduras e controlos de acesso e louça cerâmica sanitária.

Fonte: Expresso

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