Cotadas do PSI 20 conseguiram um lucro de 2,5 mil milhões nos primeiros nove meses do ano. Face ao pior ano da crise, em 2012, os resultados duplicaram.

A Pharol encerrou esta semana a época de apresentação de resultados das cotadas do PSI 20. E apesar da antiga PTter registado um prejuízo de 137 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, a generalidade das empresas do PSI20 conseguiu melhorar os resultados.

No total, as 18 cotadas conseguiram um lucro acumulado de 2,55 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que compara com o resultado de 1,93 mil milhões de euros obtidos no mesmo período de 2014. De realçar, no entanto, que entidades como o BCP, a Sonae e a REN foram beneficiadas por alguns ganhos não recorrentes.

Tendo em conta anos anteriores, as cotadas conseguem os melhores primeiros nove meses desde 2010, altura em que o encaixe da Portugal Telecom com a venda da participação na Vivo levou a um lucro recorde na bolsa portuguesa. Elucraram este ano quase o dobro do registado em 2012, o ano em que os resultados bateram no fundo.

O que permitiu a subida das contas das cotadas?

O analista da Patris Investimentos, Albino Oliveira, explica a melhoria dos resultados com “o melhor enquadramento económico, a (gradual) recuperação nos níveis de rentabilidade do sector bancário, a expansão internacional conseguida por parte de algumas cotadas, custos financeiros mais baixos (via redução do endividamento e menores taxas de juro) e margens operacionais mais elevadas (via redução da base de custos)”.

Já ogestor da XTB Portugal, Pedro Ricardo Santos, refere que após as dificuldades provocadas pela crise de dívida soberana, a consolidação orçamental feita pelo país nos últimos anos e “a ‘bazuca’ de Mario Draghi, anunciada no início deste ano, permitiu uma redução drástica das taxas de juro”. Sublinha que “todo este clima mais favorável interno permitiu ganhos para as empresas nacionais”. E, “ao nível externo, é também assinalável a valorização do dólar que tem beneficiado em larga escala as empresas que facturam nessa moeda”.

Para os analistas, a manutenção do actual ciclo económico e de condições de financiamento favoráveis deverão permitir às empresas continuar a melhorar os seus níveis de rentabilidade. Mas há ameaças, como a recessão em economias emergentes onde algumas cotadas nacionais estão expostas.

Empresas não-financeiras sobem lucro, excluindo a Pharol

As 15 cotadas fora do sector bancário lucraram 2,13 mil milhões de euros até Setembro, o que compara com os 2,31 mil milhões conseguidos no mesmo período de 2014. Essa redução é explicada com o efeito Pharol. A antiga PT teve um prejuízo de 137 milhões de euros, o que compara com um lucro de 368 milhões em 2014, explicado por ganhos com o aumento de capital da Oi.

No entanto, excluindo a Pharol, estas empresas não-financeiras continuam a recuperar, com o lucro a subir 318 milhões de euros para 2,26 mil milhões. Essa melhoria foi conseguida sobretudo à custa da Galp, com a petrolífera a aumentar o resultado líquido de 236 milhões para 490 milhões de euros.

Cotadas como a Altri, a EDP Renováveis e a Sonae, por exemplo, também conseguiram subidas consideráveis dos resultados. Já a EDP, apesar de ter sofrido uma descida, manteve o título de empresa mais lucrativa do PSI 20, com um resultado de 736 milhões de euros.A eléctrica e a Galp são responsáveis por cerca de metade dos lucros acumulados das cotadas do PSI 20.

Banca interrompe quatro anos de prejuízos

BCP, BPI e Banif conseguiram, em termos acumulados, registar lucros pela primeira vez desde 2011. Tiveram um resultado de 421,7 milhões de euros até Setembro, o que compara com os prejuízos de 378,7 milhões de euros registados no período homólogo. Esta melhoria foi conseguida com uma melhoria da actividade, mas também, em alguns casos, com ganhos na venda de dívida pública. Foi o caso do BCP, que registou um resultado de 554,1 milhões de euros em operações financeiras.

Ainda assim, Pedro Ricardo Santos considera que “apesar de grande parte dos lucros

[do sector] estarem relacionados com resultados extraordinários, nota-se um evidente crescimento na actividade doméstica”.

Fonte: Económico

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