Cotadas não-financeiras do PSI 20 têm 9,15 mil milhões de euros em caixa. AEDP e a Galp são as cotadas que dispõem dos maiores valores em liquidez.

A crise de dívida soberana trouxe alterações à forma como o Estado gere a dívida pública. E os problemas de financiamento que a economia portuguesa enfrentou levaram as empresas não financeiras do PSI 20 a alterarem a forma como gerem o risco de liquidez.

Desde o final de 2008 até final de Setembro deste ano, o valor detido pelas cotadas não-financeiras quase que duplicou, subindo de 4,89 mil milhões de para 9,15 mil milhões de euros, de acordo com cálculos do Diário Económico baseados nos relatórios e contas das empresas. Os valores excluem a PTSGPS devido à alteração que houve em consequência do processo de fusão com a Oi e ao ‘default’ do papel comercial na Rioforte.

O aumento do valor em caixa serve para as empresas diminuírem o risco de refinanciamento, assegurando antecipadamente os montantes para fazer face à dívida que vai contraindo. Uma estratégia que também é utilizada pelo Estado que nos últimos tempos tem construído uma almofada de liquidez para diminuir as pressões de refinanciamento.

A tendência das empresas em aumentarem o valor em caixa para mitigarem o risco de liquidez também se verificou nos outros países europeus, mas foi mais notória nos países que atravessaram maiores problemas, de acordo com um relatório da Moody’s a que o Diário Económico teve acesso.

As empresas italianas, por exemplo, subiram em 2,2 vezes o valor detido em caixa. Os analistas da agência de ‘rating’ constatam que isso “reflecte uma abordagem mais cautelosa do refinanciamento depois das preocupações sobre o acesso ao mercado de capitais na periferia da zona euro”.

Desde o final de 2010, ano que marcou o início da crise de dívida soberana, o valor em caixa detido pelas cotadas nacionais aumentou mais de 40%, o equivalente a um reforço de 2,69 mil milhões de euros. Apesar da estratégia seguida pelas cotadas nacionais, diminuir o risco de liquidez acarreta consequências tanto a nível de investimento como de remuneração aos accionistas.

Já desde o início do ano até final de Setembro, o valor teve uma descida ligeira de 2,13%, o equivalente a cerca de 200 milhões de euros.

As cotadas com mais dinheiro em caixa

AEDP, que é a empresa com a maior dívida da bolsa portuguesa, é também a que detém um maior valor em caixa e equivalentes: 2,05 mil milhões de euros.Esta almofada, a par das linhas de crédito disponíveis, fazem com que a eléctrica tenha as necessidades de financiamento cobertas até meados de 2016, de acordo com o documento da apresentação de resultados da empresa. A dívida líquida da EDP situa-se em cerca de 17,5 mil milhões de euros. Em 2008, o valor em caixa detido pela EDP era de 1,55 mil milhões de euros.

Além da EDP, só a Galp consegue ter uma posição de caixa e equivalentes superior à fasquia dos mil milhões de euros. Tem mais de 1,4 mil milhões de euros em liquidez.
A fechar a lista das três empresas nacionais com mais dinheiro em caixa estão os CTT. O valor em liquidez da empresa situa-se em 696,5 milhões de euros. É a única cotada nacional em que o valor em caixa é superior aos financiamentos obtidos, o que torna a empresa um alvo apetecível para os investidores que procuram dividendos.

Além daquelas três cotadas, há mais empresas com um valor em caixa assinalável. É o caso da Semapa, que detém mais de 500 milhões de euros. E também a Portucel e a Sonae apresentam liquidez acima de 400 milhões de euros.

 

Fonte: Económico

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