Vendas para o exterior subiram 5,7% no primeiro semestre. Exportações beneficiaram da recuperação em Espanha e no Reino Unido.

“Este semestre registámos uma facturação muito maior em Espanha. A Inditex, que é nosso cliente já há 30 anos, aumentou as compras”. É assim que a administradora da Crispim Abreu, uma empresa têxtil que tem o dono da Zara como cliente, fala sobre o interesse espanhol nos produtos nacionais. A descrição de Virgínia Abreu dá corpo aos números revelados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE): Espanha é responsável por 48,7% do aumento das exportações verificado na primeira metade do ano.

As exportações totais subiram 5,7% no primeiro semestre de 2015 face ao mesmo período do ano anterior. A taxa de crescimento acumulada calculada desde o início do ano mostra uma tendência de crescimento. Do lado das importações, o aumento foi mais contido: 4,1%, mas também o mais alto desde o início do ano, quando analisadas as variações acumuladas.

Conclusão: o saldo da balança comercial de bens mantém um desequilíbrio – de 4.842 milhões de euros acumulados até Junho -, mas o défice ficou 182 milhões de euros abaixo do valor registado entre Janeiro e Junho do ano passado.
“A economia espanhola foi responsável por cerca de 48,7% do acréscimo homólogo do total das exportações portuguesas neste período, quando, no total de 2014, a sua responsabilidade pelo acréscimo no total das exportações portuguesas foi de “apenas” 19,3%, abaixo do peso que Espanha teve no destino das nossas exportações em 2014 (23,5%)”, adianta o economista José Miguel Moreira, do Departamento de Estudos do Montepio. Moreira justifica: “A economia espanhola cresceu em cadeia quase 1% em cada um dos dois primeiros trimestres do ano”.

Laura Dominguez, da assessoria ao comércio externo da Câmara do Comércio e Indústria Luso Espanhola, explica o reforço da posição de Espanha com a situação económica favorável que o país atravessa. O desempenho da economia reflecte um “incremento no poder de consumo”. E acrescenta razões que ajudam a perceber a preferência por comprar mercadorias ‘Made in’ Portugal. “O mercado português é o mais próximo e pratica preços competitivos em comparação com outros países”, diz Laura Dominguez.

Do lado de cá da fronteira, a facturação parece reflectir o interesse dos espanhóis por produtos portugueses. “Penso que não lhes compensa comprar noutros mercados, como a China, talvez pela efeito cambial”, admite Virgínia Abreu para explicar o aumento da facturação com Espanha.

A Riopele fala antes numa “ligeira subida das vendas para Espanha”. Para José Alexandre Oliveira, presidente executivo da empresa, Espanha é um mercado “muito importante para a Riopele, mas que em 2014 já tinha crescido muito”. “É o recomeço de uma nova era, o país

[Espanha] está a melhorar a sua economia”, sustenta.

Além de Espanha, outros mercados ajudaram as exportações portuguesas a subir: os EUA, o que pode ser explicado por um factor “pontual” (ver texto ao lado), o Reino Unido, Alemanha e França. O aumento das exportações para os EUA explica 19,8% da subida das vendas totais. O Reino Unido deu um contributo de 15% para a melhoria das exportações. A par de Espanha, o aumento das vendas para o Reino Unido justificam-se também com o crescimento económico registado este ano quando comparado com 2014, admite o economista José Miguel Moreira.

Fonte: Económico

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