Os empresários portugueses estão cada vez mais a derrubar fronteiras. Mas é preciso conhecer bem os mercados e aceitar que o risco faz parte deste processo

Os Descobrimentos mostraram ao mundo que os portugueses têm uma vocação natural para o comércio. Cinco séculos depois, as pequenas e médias empresas estão a aventurar-se de novo por mares que nunca dantes navegaram. A crise e a quebra do consumo interno acabaram com muita inércia. Os empresários lançaram-se à descoberta de outros mercados, onde, pouco a pouco mas firmemente, têm assentado arraiais,

China, Japão, mas também Geórgia, ilhas Faroé, Etiópia ou Haiti são alguns dos muitos países fora da União Europeia que já compram produtos e serviços made in Portugal. Existem riscos, evidentemente, mas há cada vez mais empresários e gestores que vão buscar à internacionalização uma parte significativa da sua facturação e dos seus lucros.

Ainda assim, os estudos da AICEP demonstram que a maioria das pequenas e médias empresas (PME) exportadoras estão a fazer esse caminho mais em consequência de um processo de crescimento e em resposta a consultas concretas e a pedidos de operadores externo que em função de uma opção estratégica de internacionalização.

Muitos dos exportadores nem sequer fazem promoção externa e a maior parte das empresas não utilizam canais de distribuição próprios, o que encarece as exportações. No entanto, as que o fazem regularmente, depressa chegam à conclusão de que há benefícios em juntar sinergias que decorrem da necessidade de se criarem procedimentos e planeamento integrados de forma a construírem uma estratégia global para a expansão dos seus negócios.

Outra constatação: o desconhecimento dos principais bens e serviços que já são exportados bem como o medo dos riscos associados à entrada em mercados desconhecidos têm criado uma espécie de barreira psicológica às exportações, avisam os analistas que o i ouviu. Contudo, existem cada vez mais apoios institucionais e financeiros que podem ser disponibilizados às PME que se queiram internacionalizar, quer através de informação qualificada, quer por um conjunto de soluções financeiras mais vantajosas que vão sendo apresentadas.

A Associação Industrial Portuguesa, a Associação Empresarial de Portugal, mas também a AICEP, o IAPMEI e as várias câmaras de comércio são pontos de partida importantes para quem quer romper fronteiras. O Ministério dos Negócios Estrangeiros, as embaixadas e os consultados também são parceiros importantes quando uma empresa opta por começar a exportar. Existem também inúmeras linhas de crédito vocacionadas para os mercados particulares, escolhidos pelo seu potencial no crescimento e pela diversificação dos destinos das exportações portuguesas.

Se está a pensar ir para fora, fica a saber que a actuação das empresas no mercado externo está sujeita a barreiras formais e informais que têm de ser conhecidas e minimizadas. Todas elas devem ser analisadas e pesadas numa fase em que o mercado está ainda em estudo, devendo o exportador desenvolver um plano de acção para as ultrapassar.

Finalmente, em qualquer processo de internacionalização e exportação, a empresa deve ter a noção exacta da sua capacidade, ou falta de capacidade para exportar. Essa análise passa por avaliar os recursos humanos e financeiros necessários, a flexibilidade para adoptar os seus produtos e serviços às especificidades do mercado alvo, a experiência e conhecimento em concorrência internacional e as competências de gestão da equipa, nomeadamente o domínio de línguas dos países onde se quer entrar.

As feiras e as missões empresariais fazem também parte desta caminhada, onde o sucesso passa pelo compromisso de enfrentar a concorrência internacional nos seus próprios mercados. O princípio é transversal a qualquer área de actividade e reside na vontade das empresas de se expandirem, aceitando como contrapartida correrem riscos razoáveis.

 

Fonte: Jornal i

Comentários

comentários