Pese a melhoria dos dois últimos anos, continuamos a manter-nos na cauda dos países mediterrânicos,segundo um estudo da Espírito Santo Research

Em tempos de crise e de um desemprego que já está nos 17,6%, a agricultura é cada vez mais olhada como um dos poucos sectores que criam emprego e são rentáveis. As exportações continuam a crescer, embora a nossa produtividade ainda fique aquém da espanhola, pesem os milhões de euros que entraram nos últimos anos no país ao abrigo da PAC.

Mesmo assim, tem havido alterações significativas nos últimos anos. Um estudo da Espírito Santo Research refere que em 2011 fomos pela primeira vez superavitários, com um aumento de 22% nas exportações, um crescimento de apenas 3% nas importações e um aumento muito substancial da área cultivada. O olival, que actualmente ocupa metade da área cultivável do Alqueva, inclui-nos já no top 5 dos exportadores de azeite em 2012/2013. Desde 20111 que também passámos a produzir o azeite que consumimos. No vinho, somos o quinto maior produtor na Europa e o décimo segundo a nível mundial e só no ano passado ganhámos 1371 medalhas.

DIVERSIDADE Enganem-se os que pensam que o êxito das exportações de produtos agrícolas se concentra no vinho e no azeite. O estudo refere que os frutos, os vegetais e os produtos hortícolas representam 67% da produção vegetal nacional. Mas se somadas as produções de batata e das plantas industriais (tomate, tabaco, girassol, soja, plantas aromáticas, chá, entre outras), o valor ascende a 72%. O vinho e os cereais ocupam o terceiro e o quarto lugar na produção vegetal nacional, registando ambos aumentos significativos nas exportações, mais notoriamente até no caso dos cereais, que representam 14% do total.

O principal parceiro comercial de Portugal é Espanha (44% do valor das importações e 48% do valor das exportações). Nas exportações surgem logo a seguir o Brasil (com 10%) e Angola (com 8%). Estes dois destinos das exportações nacionais cresceram a uma taxa média de 31% e 35%, respectivamente. Em termos de potencial, os dois destinos, juntamente com outros PALOP, poderão vir a ser uma alternativa viável como destino de exportação, pois além de serem países onde o rendimento está a crescer, as necessidades alimentares também se estão a diversificar. O estudo refere igualmente que uma parte importante do êxito dos produtos nacionais tem a ver com inovação: “Não se produzem mais alfaces para abastecer um mercado inundado de alfaces dizendo apenas que as nossas são melhores. O que se pode fazer é um produto único, diferente e melhor, como as saladas embaladas, prontas a usar, com uma variedade e qualidade que antes seria impensável.”

MERCADOS A falta de transparência no funcionamento do mercado é uma das questões transversais a todo o sector identificado pelo estudo. O principal problema recai na formação dos preços, o que é sentido de “forma generalizada” e, além de se considerar que distorce o mercado, pode “comprometer o bom relacionamento e o diálogo entre a produção e a distribuição”. Outro constrangimento apontado tem a ver com as exportações, sobretudo as que resultam em barreiras, porque existe falta de conhecimento das normas e dos regulamentos do lado da produção. A existência de capacidade produtiva instalada e a experiência consolidada na incorporação de exigências ambientais são dois dos pontos considerados fortes pelo estudo, contra a deficiente organização da fileira e a falta de dimensão de grande parte das explorações.

Fonte: Jornal i

Comentários

comentários