A Galp Energia apresentou ontem a estratégia a desenvolver entre 2013 e 2017 e durante estes cinco anos prevê investir entre 6,8 e 7,8 mil milhões de euros, a maior parte dos quais na área de exploração e produção de petróleo e gás natural. É um pesado investimento para uma empresa com lucros de apenas 359 milhões, mas de acordo com o presidente executivo, Manuel Ferreira de Oliveira, é perfeitamente executável. Como? O Dinheiro Vivo explica-lhe.

Dívida baixa e cash flow positivo em 2016
Ferreira de Oliveira nota que a dívida líquida da Galp é de “apenas 780 milhões de euros” e que, apesar de durante os próximos dois anos ir criar ainda mais – porque vai investir muito e ainda ter poucas receitas dos projetos já em curso – , a partir de 2016 ou 2017 a empresa começará a ter cash flow positivo, ou seja, começará a ter mais receitas do que aquilo que está a investir. Rendimentos esses que virão, essencialmente, da produção de petróleo no Brasil.

Liquidez e rotação de ativos
Para conseguir manter o nível de investimento acima dos mil milhões de euros por ano e não aumentar muito a dívida, a Galp pretende não recorrer tanto ao financiamento bancário, apesar de Ferreira de Oliveira garantir que não têm problemas em arranjar linhas de crédito. O objetivo é, por isso, usar o dinheiro que têm em caixa neste momento – 4,2 mil milhões de euros, nos quais se incluem créditos de 1,4 mil milhões – e ainda gerar cash flow com a rotação de ativos.

Vender ativos não estratégicos
A Galp pretende assim vender ativos não core ou que não estejam a ser rentáveis, como por exemplo algumas das 1.500 bombas de gasolina espalhadas por Portugal e Espanha, mas não descarta a venda de participações nos projetos de exploração e produção de petróleo que tem em curso. “Por exemplo, entrámos agora em Marrocos como operadores e com 50% e se se verificar que o poço é um sucesso vai ser preciso muito capital e nesse altura posso vender 20% da participação e usar o encaixe para desenvolver o projeto”, explicou Ferreira de Oliveira.

Aumento de capital como no Brasil
Outra solução, adiantou ainda o CEO da Galp, passa por proceder a aumentos de capital dessas participações, como aconteceu no Brasil com a entrada dos chineses da Sinopec.
Fora de questão está, contudo, um aumento de capital na própria Galp uma vez que o objetivo é fazer todos estes investimentos sem ter de recorrer aos acionistas.

Gerar cash flow
A Galp espera ainda conseguir gerar cash flow das atividades de venda de gás natural nos mercados grossistas, que tem vindo a crescer cada vez mais, principalmente perante as quebras de vendas sentidas em Portugal e Espanha, e ainda do negócio da refinação e do consequente aumento das exportações.

Optimizar a rede de distribuição
Pretende ainda optimizar os custos na rede de distribuição, mas Ferreira de Oliveira escusa-se a dizer quantas bombas poderá encerrar ainda este ano. “Vamos acompanhando a evolução do negócio posto a posto. Temos cerca de 1.500 postos em Portugal e Espanha e à medida que a economia alguns têm também tendência a cair. Não nos podemos esquecer que o país perdeu um terço do seu consumo de combustíveis entre 2005 e 2012”, rematou o CEO da Galp.

Fonte: Dinheiro Vivo

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