As novas guias eletrónicas de transporte, que entram em vigor em maio, deram origem a um movimento intitulado “Deixem-nos Respirar”, ao qual já se juntaram mais de três centenas de empresas, e que afirmam que esta medida representa 20 milhões em perda de produtividade, de acordo com estudo que foi encomendado pelo movimento.

Ao obrigar os veículos de entregas das empresas a levarem consigo guias que estejam eletronicamente associadas a faturas, calcula-se uma perda de pelo menos 2 a 3% do PIB português. “Com cada guia associada a uma fatura e a um número de código emitido pela autoridade fiscal, o sistema vai custar ao país cerca de dois mil milhões”, garante Karl Stock, iniciador do movimento “Deixem-nos Respirar”.

O movimento exige que o sistema das guias eletrónicas de transporte seja pura e simplesmente eliminado. “Tal eliminação trará um aumento de produtividade de cerca 1,5 a 2% do PIB, o que corresponde a cerca de 2,5 a 3 mil milhões de euros, ou mais de 20 mil milhões de euros se capitalizado de forma conservadora”.

Para tal, está a tentar agendar uma reunião com o secretário de Estado do Tesouro e, além disso, apela a todos os que nele participam que: “Falem com os seus representantes políticos, enviem queixas às organizações que vos causam atritos em vez de ajudarem a encorajar o vosso negócio, escrevam cartas ao Governo, ao departamento das Finanças e ao ministro da Economia. Façam-nos perceber que estão a aprovar leis e regulações das quais obviamente não percebem as consequências”.

Consequências que são uma perda de produtividade de 20 milhões de euros. Para explicar como se chegou a este valor Karl Stock dá como exemplo uma empresa de serviços de piscina ou ar condicionado com 20 viaturas de serviço na estrada. Os técnicos nestas viaturas de serviço executam instalações de máquinas ou reparos simples que foram planeados antecipadamente.

Com as novas regras, “o registo das guias de transporte é um esforço adicional, mas ainda assim alcançável”, no entanto, torna-se “tarefa herculeana na área dos serviços e manutenção, com centenas de diferentes peças de reposição, líquidos de refrigeração, tubos de diferentes diâmetros, produtos químicos para piscinas, parafusos, filtros, etc., que devem ser transportados e registados antes de a viatura seguir para o serviço”. Há ainda a agravante de cada viatura servir “uma média de 10 a 15 clientes por dia, ou seja, o inventário na viatura muda a cada serviço, o que resulta em igual número de procedimentos de registo”.

O iniciador do movimento salienta que, pelas suas contas, “as Finanças garantem um tempo de reação de 5 minutos o que não é realista, especialmente em horas de ponta. Estimando em apenas 8 minutos para estes requisitos administrativos, temos uma perda média de 100 minutos por dia, ou seja, mais de 30% do tempo de trabalho produtivo de cada técnico (de um total de 8 horas diárias: 3 são gastas na carga e descarga, preparação e deslocações; considerando-se apenas 300 minutos de trabalho produtivo)”. Isto é, conclui, como a margem de lucro atual “está muito abaixo destes 20%, tal significa que estas empresas de serviços só podem aumentar o seu lucro líquido ao não prestar qualquer serviço”.

Karl Stock sublinha que esta media “é mais um sufoco para as PME, que já têm muito pouco ar para respirar e que estão a ser estranguladas pela burocracia”, e “a distribuição ficará mais cara e lenta, resultando no aumento do preço dos bens”.

O movimento “Deixem-nos Respirar!” foi criado por um grupo de já mais três centenas de empresas, que representam 4442 postos de trabalho e um volume de vendas anuais de mais de 600 milhões de euros.

Fonte: Dinheiro Vivo

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