Fitch desceu a nota dada à Itália, passando de A- para BBB+ com perspectiva de novo corte, mas decisão teve pouco impacto nos juros.

O impasse político em Itália e os dados recentes que revelaram uma das recessões mais profundas da Europa levaram a agência de notação Fitch a cortar em um nível o rating de Itália, mantendo a ameaça de novo corte.

“Os resultados inconclusivos nas eleições parlamentares de 24-25 de Fevereiro tornaram improvável que um novo governo estável possa ser formado nas próximas semanas”, afirmou a Fitch na nota divulgada nesta sexta-feira, lembrando que a incerteza quanto à continuação das reformas estruturais que estavam em curso representa um choque adverso adicional na economia real italiana numa altura de profunda recessão.

A Fitch, que desceu a sua nota de ‘A-’ para ‘BBB+’, diz ainda que os mais recentes dados sobre a evolução da economia italiana comprovam que esta registou uma das mais profundas recessões da Europa no final do ano passado. Um ponto de partida desfavorável que, juntamente com os mais recentes desenvolvimentos, pode levar a uma queda inesperada no emprego e enfraquecer de forma persistente os indicadores de sentimento, aumentando o risco de uma recessão mais profunda e prolongada que o antecipado anteriormente. A Fitch já espera actualmente uma recessão este ano na ordem dos 1,8% em Itália, devido em grande parte a efeitos da contracção de 2,4% registada em 2012. A recessão mais profunda que o esperado terá naturalmente efeitos no défice orçamental e consequentemente no nível de dívida pública, que poderá subir para os 130% do Produto Interno Bruto (PIB) italiano. A Fitch lembra ainda que um governo fraco terá menos capacidade e menor agilidade para responder a choques domésticos e externos.

A perspectiva negativa é mantida pelos analistas, o que quer dizer que a economia italiana continuará a ser avaliada pelos responsáveis da Fitch e que existem nesta altura mais razões para que esta nota volte a sofrer um corte.

No entanto,  a medida pouco impacto teve nos juros da dívida italiana. Ao início da noite (20h45) os juros da dívida a 10 anos estavam nos 4,643%, contra os 4,610% do dia anterior, segundo dados da Reuters. Como destacou a Bloomberg, os investidores estão a prestar menos atenção aos relatórios das agências de rating, focando-se mais nas suas próprias análises.

Certo é que a Itália se mantém num impasse político depois de, nas recentes eleições legislativas, não ter saído uma maioria parlamentar que permita formar um Governo.

A coligação de centro-esquerda, liderada por Pier Luigi Bersani, conseguiu a maioria absoluta na Câmara dos Deputados (câmara baixa do Parlamento), mas não no Senado (câmara alta). Bersani venceu à justa na Câmara dos Deputados, com 29,54% dos votos, contra 29,18% da coligação de direita de Silvio Berlusconi (Povo da Liberdade/Liga do Norte). O Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, conquistou um quarto dos votos nas duas câmaras.

Fonte: Público

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