O banco norte-americano aponta que quando a Grécia se sentar à mesa com os parceiros europeus para negociar, a maioria das cedências e compromissos vão ter de vir do lado de Atenas.

Daqui até final de Maio, a Grécia poderá entrar em bancarrota por não ter dinheiro suficiente nos seus cofres para pagar reembolsos e juros aos credores. Esta é uma das previsões do JPMorgan para a Grécia após análise à situação política do país para o curto prazo.

O banco de investimento norte-americano considera que, neste momento, existem duas formas do Governo grego evitar o “default”. Primeiro, através da conclusão do programa europeu de forma a receber os 1,8 mil milhões de euros da última tranche e chegar a acordo para estender o actual ou criar um novo programa.

Em segundo, através da negociação do pagamento dos reembolsos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) agendados para os próximos meses, com um reembolso de 2,5 mil milhões de euros agendado para Março. Até Agosto, existem mais reembolsos aos parceiros europeus no valor de quase sete mil milhões de euros.

“Não parece que o plano desenhado pelo novo Governo grego venha a funcionar”, diz o economista-chefe do JPMorgan Chase para a Europa, David Mackie, citado pela Bloomberg esta sexta-feira, 6 de  Fevereiro. “Parece provável que uma resolução vai ter de vir mais cedo do que isso”, aponta.

Numa nota aos seus clientes, o banco norte-americano sublinha que não existe um mecanismo institucional para providenciar um empréstimo ponte para a Grécia para os próximos meses, tal como pretendido por Atenas.

Para assegurar financiamento, enquanto negoceia um novo acordo com os parceiros europeus, o Governo Tsipras propôs a Bruxelas aumentar a emissão de dívida de curto prazo, que tem um tecto de 15 mil milhões de euros, entretanto alcançado.

Mas o JPMorgan tem dúvidas que o BCE aprove a emissão de mais bilhetes do tesouro por esta operação por ser semelhante ao financiamento monetário a um país que não tem acesso ao mercado e por Atenas não ter ainda concluído a última revisão do programa de ajustamento.

O banco também aponta que a emissão de mais dívida só funcionaria se os bancos gregos conseguissem obter financiamento junto do BCE, o que parece ter sido entretanto alcançado através de uma linha de liquidez no valor de 60 mil milhões de euros.

O banco fez também um balanço do périplo de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis pelos líderes europeus, e considera que a tentativa do Governo grego de alcançar apoio em vários países parece ter falhado.

Quando a Grécia se sentar à mesa com os parceiros europeus para negociar a extensão do programa de ajustamento, ou novas condições, a maioria das cedências e compromissos vão ter de vir do lado de Atenas, defende o banco.

Programa do BCE deverá ser “generoso” para com os bancos gregos

O Goldman Sachs também analisou a situação na Grécia, em concreto dos bancos do país. Considera que a actuação do BCE é crucial neste momento de “ou vai ou racha” para Atenas.

E que a linha de liquidez de emergência (programa ELA) para o país deverá ser bastante “generosa” para assegurar financiamento aos bancos helénicos.

O banco de investimento norte-americano alerta que, neste momento, a Grécia só terá problemas se os parceiros europeus retirarem o tapete ao Governo Tsipras. Mais concretamente, se o BCE retirar a sua bóia de salvação, o programa ELA, vão haver consequências negativas para os bancos gregos.

A decisão do BCE de deixar de aceitar dívida grega como colateral, levou a bolsa a cair mais de 11% durante a sessão de quinta-feira, com os bancos a perderem mais de 23%. Depois da notícia que o BCE abriu uma linha de liquidez de emergência para o país, os mercados aliviaram a sua pressão. A bolsa de Atenas está hoje a perder 0,06%, enquanto o índice com os bancos do país recua 1,96%.

 

Fonte: Negócios

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