Unicer vai exportar menos 60 milhões de litros de cerveja para Angola porque o Governo de Luanda estabeleceu quotas. Cervejeira portuguesa diz que no final é Angola que vai perder receitas fiscais. E acredita em ajustamentos.

A cervejeira Unicer é das principais prejudicadas pela imposição de quotas de importação por parte do governo angolano. A empresa fatura 120 milhões de euros em Angola  e exporta mais de cem milhões de litros de cerveja. O governo de Luanda fixou a importação de cerveja em 40 milhões de litros.

A aplicação das “medidas agora apresentadas e, em particular, o limite à importação de cerveja nos 400 mil hectolitros, teria consequências muito gravosas para a economia angolana”, diz a empresa em comunicado, justificando: “Haveria uma redução bastante significativa das receitas fiscais – cada cerveja importada gera uma receita 3,5 vezes superior à gerada pelas cervejas locais”. A UNicer gera “mais de 100 milhões de dólares de receita fiscal e mais de 300 postos de trabalho, através dos canais de distribuição”.

Acresce ainda, segundo a Unicer “a possível perda de postos de trabalho na distribuição. E, acima de tudo, “poderia colocar em causa a realização de investimento estrangeiro em Angola e, dessa forma, comprometer a transição de volumes importados para produção local”.

Oferta insuficiente

Com a concretização do projecto industrial, esta contribuição “aumentará significativamente, através da realização de um investimento de 143 milhões de dólares e da criação de 330 novos postos de trabalho diretos e, aproximadamente, 3 mil indiretos”.

Segundo a cervejeira, a implementação da quota de 400 mil hectolitros  “provocaria uma clara insuficiência da oferta face à procura, com os consequentes riscos de aumento dos preços e da crescente insatisfação dos consumidores angolanos”.

Água e saúde pública

A Unicer dedica uma referência à quota (150 mil hectolitros) para a importação de águas. É  “manifestamente insuficiente para garantir o normal abastecimento de água potável ao povo angolano, com os consequentes riscos de saúde pública que poderiam vir a ocorrer”.

Convencida de que tem “um contributo a dar à economia angolana”, a Unicer acredita o governo de Luanda fará uma revisão das quotas anunciadas e procederá “a ajustamentos necessários ao bom funcionamento do mercado e à satisfação dos consumidores”.

A Sociedade Central de Cervejas (SCC) é igualmente afetada, mas a sua exposição a Angola, em cerveja e águas, é inferior à Unicer.  A SCC não reagiu à nova realidade angolana e remeteu a sua posição para a associação dos cervejeiros.
Fonte: Expresso

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