Este ano Portugal não faz parte do mapa de risco político elaborado pela Aon em parceria com a Roubini Global Economics, do economista Nouriel Roubini – a quem é atribuída a previsão da crise financeira de 2008 –, e ainda bem, pois pela análise dos nove critérios subjacentes à avaliação o mais provável é que ficasse em maus lençóis.

Este ano o estudo centra-se em 163 mercados emergentes e deixa de lado os países da OCDE, dando uma folga a Portugal, que em 2011, pela primeira vez em dez anos, estava sensivelmente a meio da tabela de um conjunto de mais de 200 países, evidenciando já, com base em dados relativos a 2010, risco político, com ameaça de greves, motins e perturbações civis, bem como de incumprimento da dívida soberana.

O rating que indicia o mais baixo patamar de risco manteve-se, mas pela primeira vez foram identificados riscos específicos, nomeadamente o de incumprimento da dívida soberana e o da ocorrência de fenómenos de violência pública.

O legado da recessão mundial, a crise da dívida soberana, os desenvolvimentos ocorridos na Europa, sobretudo no que toca aos 27 membros da União Europeia, particularmente os que fazem parte da zona euro, o Memorando assinado com a troika, são factores que contribuíram para atirar Portugal para a lista de países em risco, num vasto universo em termos mundiais. Na altura o estudo concluía que, “para promover o crescimento, a competitividade, a coesão e a robustez da economia portuguesa, é fundamental que a execução orçamental seja eficiente de forma que se criem novas plataformas e estruturas que tornem o país um alvo de interesse por parte dos investidores estrangeiros e dos grandes grupos privados”.

Este ano, o Mapa de Risco Político 2013 avalia os países numa nova escala, que inclui mais três pontos que a anterior, dando maior relevo a questões de ordem económico-financeira (ver caixa). Este ano, apenas a Guiana Francesa apresenta um risco baixo. Boas notícias para alguns países com que Portugal tem vindo a intensificar as suas relações comerciais, em grande parte sob o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e onde os empresários poderão centrar pelo menos parte da sua atenção: Brasil, China, Colômbia, Peru, Moçambique, Marrocos e Arábia Saudita são mercados de risco médio. Em relação aos países lusófonos, a Guiné-Bissau surge entre aqueles que têm risco político “muito elevado”, a par de países como a República Democrática do Congo e a Somália.

O estudo explica que, depois do golpe militar do ano passado, a Guiné-Bissau se tornou um país com 80% da população abaixo da linha de pobreza e onde “são prováveis focos de combate periódicos”.

Angola, São Tomé e Príncipe e Timor Leste são países lusófonos com risco político “médio elevado”, num relatório que crítica a elite angolana e o regime de Eduardo dos Santos, bem como a corrupção generalizada nas instituições são-tomenses.

Moçambique é considerado um país de “risco moderado”, embora “as dúvidas sobre a sucessão de Guebuza sejam uma fonte de incerteza”. Cabo Verde é tido como um mercado de “risco médio”, com “governação forte e estabilidade política”, mas com vulnerabilidades ao nível da dependência das receitas do turismo e previsões económicas “frágeis”, incapazes de reduzir o desemprego.

Nas franjas da Europa, vários países da Ásia Central e do Cáucaso mostram esforços para atrair investimento e os mercados emergentes da periferia da Europa e do Médio Oriente registaram uma redução do risco político, tornando mais segura a actividade empresarial, ao contrário da tendência na África Ocidental.

“Depois de vários anos de mais descidas devido à Primavera Árabe, aos efeitos políticos da crise financeira global e a tensões persistentes no Sul da Ásia, os riscos políticos diminuíram em 13 países”, diz o relatório da Aon. Casos da Arménia, do Azerbaijão, da Bielorrússia, da Macedónia e Montenegro, nas fronteiras europeias, ou do Bahrein, de Barbados, da Guatemala, de Omã, do Paquistão, da Suazilândia, da Tailândia e dos Emirados Árabes Unidos.

Vários países da Ásia Central e do Cáucaso registaram melhorias, reflectindo um esforço concertado de reformas para atrair investimento e resistir à turbulência económica na Europa ocidental e de Leste, embora ainda haja “espaço para melhorias”.

No Médio Oriente, onde se registaram a maioria das descidas no ranking anterior, três países subiram devido a maior estabilidade, numa região “ainda frágil”, onde “instituições empresariais e financeiras fortes” mitigam os riscos.

Na África ocidental, os riscos políticos são mais elevados devido ao afluxo de armas e combatentes, reflexo da queda de regimes no Norte de África.

Em 2012, apenas três países tinham melhorado a sua posição, enquanto 21 regrediram.

Fonte: Jornal i

 

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