Paulo Portas anunciou no Japão o investimento de 37 milhões que está acordado há quase seis anos. Mas é este ano que se decide se a unidade nacional será plataforma da marca nipónica.

A fábrica nacional da nipónica Mitsubishi saberá até ao fim deste ano se poderá ver a sua produção aumentar de 30 carros por dia para o dobro. Segundo o CEO, Jorge Rosa, em declarações ao Negócios, esse crescimento está dependente da decisão da casa-mãe em tornar a unidade portuguesa responsável pelo abastecimento de mercados no Norte de África e no Médio Oriente onde a construtora já está presente, transferindo alguma da produção do modelo Canter do Japão para Portugal.Esta possibilidade obrigará a fazer um investimento de 17 milhões de euros, no Tramagal, e que pertence ao pacote de 37 milhões de euros que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou como novidade na visita que fez na semana passada ao Japão. “O anúncio que o senhor ministro fez é sobre dois contratos de investimento com o Estado português, um com o AICEP e o outro com o IAPMEI, e não é a primeira vez que são anunciados. Não é nada de particularmente novo”, elucida Jorge Rosa. Aliás, já desde 2007 que há noticias sobre estas negociações para o projecto em Portugal da marca japonesa.O investimento tem uma fase já concluída, no ano passado, no valor de 13 milhões de euros, com uma nova linha de montagem e uma reforço da capacidade dos fornecedores nacionais, e que visava a produção da nova carrinha Canter que está a ser exportada para 30 países europeus. De referir que do modelo Canter, o único produzido na unidade do Tramagal, em Abrantes, 50% é montado com peças europeias. Metade desse valor é proveniente de fábricas nacionais. “São sobretudo cablagens, bancos, componentes estampados, plásticos e molas”, identifica o CEO da Mitusbishi Fuso Truck Portugal.

Do 30 ao 60? Depende do Japão

Neste pacote de investimento, além do que já está no terreno, há ainda mais dois pilares. Um deles é tornar o Tramagal plataforma da Mitsubishi para o Norte de África. Em que mercados? “Temos alvos, mas não estou a autorizado a entrar em pormenores”, explica Rosa.O gestor espera que conseguindo a unidade nacional passar a exportar para esses países, a produção possa aumentar. “Fazemos 30 carros/dia, mas temos capacidade excedentária muito grande. Podemos produzir o dobro. Podemos chegar aos 60 carros/dia com essa situação”, perspectiva. Jorge Rosa diz que a decisão da Mitsubishi será conhecida “este ano”, “mais provavelmente no segundo semestre”. O que definirá então a escolha? “Estamos dependentes da evolução do sector a nível mundial e no final decisões estratégicas do grupo”, responde. Depois mais preciso, explica que em análise estarão os custos totais de transferência de produção de uma unidade para outra, e que “não são só financeiros mas também sociais”, porque se trata de passar produção de uma fábrica para outra. A logística é outro factor determinante, como os acordos de importação existentes entre os países de origem e os mercados receptores. As quotas de emissões são outra questão a ter em conta. Actualmente, a fábrica tem 300 trabalhadores, valor que pode duplicar, caso a unidade passe a exportar para fora da Europa.

Eléctrico no laboratório

O terceiro pilar do projecto de investimento acordado entre o Estado português e a Mitsubishi prevê o desenvolvimento de uma carrinha Canter movida a electricidade. O projecto está orçado em sete milhões de euros, e segundo Jorge Rosa está ainda “em fase de investigação”. Quando passar do projecto às estradas, a primeira fase será de experimentação de 10 unidades. “Vão ser colocadas em Portugal para clientes seleccionados, onde faremos testes de frota”.

Posteriormente, e com as informações técnicas que serão recolhidas através de vários testes, será possível passar a outro patamar. “Aí poderemos passar a produzir em massa”, explica o CEO da Mitsubishi Fuso Truck, Jorge Rosa. O mercado preferencial destas viaturas será a Europa, mas poderá também procurar outros mercados.

Fonte: Negócios

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