Mercados externos já pesam 66%. Grupo quer entrar na Zâmbia, Gana, Uganda e Quénia.

O grupo Mota-Engil, que em 2011 empregava 22 mil pessoas, tem agora um total de 26 mil trabalhadores, disse esta quarta-feira o presidente executivo da empresa na apresentação dos resultados de 2012, explicando que o número de colaboradores tem crescido nos mercados externos, para onde continua a haver uma “massiva deslocalização” de quadros.

O grupo reforçou no ano passado o peso da actividade internacional para 66%, sendo que ao nível das encomendas Portugal já só representa 23% dos 3,4 mil milhões de euros que tem em carteira. Gonçalo Moura Martins salientou que em África, onde a actividade aumentou 19% face a 2011, a Mota-Engil “está a responder a projectos de um ‘pipeline’ de 5 mil milhões de dólares”, acreditando que “em breve” resultará em novos negócios para o grupo. O responsável disse que estão a ser estudados novos países na região da África subsariana, nesta primeira fase para a actividade da construção, estando o grupo já a concorrer na Zâmbia, Gana, Uganda e Quénia. Especial atenção, explicou, merecem projectos financiados por multilaterais (contratos que envolvem várias partes). Já na América Latina, região onde a Mota-Engil registou em 2012 um aumento da actividade de 93%, está apenas em estudo um projecto no Uruguai.

Na apresentação de resultados, Moura Martins sublinhou que 2012 “foi um ano muito difícil”, admitindo que as suas perspectivas para 2013 “são hoje mais sombrias” tendo em conta que “os factores de incerteza se complicaram”. Para este ano, o grupo pretende assegurar uma carteira de encomendas acima de 3,5 mil milhões, suportada na actividade internacional. No ano passado, os lucros da empresa subiram quase 22% suportados pelos mercados externos. O volume de negócios em Portugal caiu de 955 para 822 milhões, sendo que o aumento da actividade na área de ambiente e serviços não compensou a retracção de 22% na construção. Já África, onde tem presença em oito países, representa 32% do volume de negócios do grupo, no total de 729 milhões, mas já 44% da carteira de encomendas, equivalente a quase 1,5 mil milhões de euros.A actividade da Mota-Engil cresceu também na Europa Central, 12% face a 2011. O volume de negócios foi de 429 milhões, mas o EBITDA recuou 2,5 milhões devido ao custo não recorrente de seis milhões de euros com o encerramento da operação na Roménia. Nesta região, a estratégia do grupo é a de diversificar este ano na fileira da construção. Na América Latina, o volume de negócios atingiu os 314 milhões (14% do total), chegando já as encomendas a 867 milhões de euros (26% da carteira do grupo).Na mesma ocasião, Moura Martins considerou “positivo” o plano do Governo para reanimar o sector da construção, mas frisou que “há medidas que não podem ser excepcionais, como é o caso de pagar a tempo”. Sobre as privatizações previstas, o responsável disse que a EGF, empresa de resíduos da Águas de Portugal, é a única que interessa ao grupo.

Fonte: Negócios

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