Empresa quer crescer no exterior com distribuição própria.

A Dielmar quer avançar, mas não tem pressa. Em estudo estão várias propostas de parcerias, por exemplo, para a China e Angola. Não estão previstas novas aberturas em Portugal, diz Ana Paula Rafael, filha de um dos fundadores. Mas o conceito das lojas está a ser repensado, e a mudança deve começar pela loja das Amoreiras, em Lisboa. Só depois é que será exportado.

Têm nove lojas próprias, já tiveram dez, sentiram a crise dos últimos anos?
Sentimos bastante a crise dos últimos anos. Não apenas nas lojas de distribuição própria Dielmar, mas também na distribuição do produto pelo mercado retalhista nacional e internacional. Esta crise foi global, afectou a maior parte das indústrias e das empresas em Portugal, mas não apenas em Portugal. Em Espanha, que é o nosso principal mercado, sentimos fortemente essa crise.

A resposta foi a diversificação dos mercados?
Tínhamos alguma concentração no mercado de exportação. Na altura o mercado nacional era o nosso principal mercado e uma âncora muito forte. Entretanto, Espanha, como segundo mercado, também passou por uma crise muito grave. Tinha chegado a hora de definirmos uma nova estratégia e plano de negócios, para abraçarmos outros desafios e novos mercados. Percebemos que esta crise ia ser muito acentuada e prolongada. É uma crise que ainda dura, e vai durar algum tempo. Decidimos que teríamos de deslocalizar os ovos de tão poucos cestos. Que teríamos de aumentar o número de cestos e recolocar os ovos. Decidimos minimizar o risco e avançar para mercados novos, em continentes diferentes.

Vão abrir lojas próprias noutros países?
Esse é o nosso maior desejo. Desde 2008 que é o nosso maior desejo. Aliás, desde 2001. O problema são as dificuldades que uma marca portuguesa tem em se colocar lá fora e conseguir vencer um desafio fortíssimo que é o “made in”, que nos aporta ainda muito pouco valor. Hoje, o “made in Portugal ” aporta alguma qualidade, mas não é suficiente, e não é uma marca como o “Made in Italy”, por exemplo. Temos alguns parceiros e parcerias em vista para começar a trabalhar mercados com distribuição própria, com a marca Dielmar, lá fora. É um processo que está a ser maturado internamente há dois anos. Temos alguns parceiros e estamos a avaliar, nós e eles, se o casamento é profícuo e se tem condições para vir a ser duradouro.

São parceiros chineses?
Tivemos uma proposta de um parceiro chinês, tivemos uma proposta para abrirmos em Angola, temos propostas para abrirmos até noutros países. No entanto, neste momento, o importante é a avaliação e a validação do parceiro. Não vamos abrir lojas de imediato, em diversos países em simultâneo. Vamos testar. Estamos inclusivamente a pensar renovar o conceito em Portugal.

Em que sentido?
No sentido de criar uma imagem e um perfil de serviço e de interacção com o cliente diferente. Pretendemos dar um maior destaque ao serviço nas nossas lojas, permitir que o cliente tenha ainda mais opções, e que possa, ele próprio, ser actor dessas opções nas lojas. E com isso criar um conceito inovador, não apenas cá dentro, como lá fora. A nossa loja das Amoreiras será a loja pivot para depois podermos avançar nos projectos internacionais de lojas Dielmar.

E em Portugal, vão manter o número de lojas?
Em Portugal, para já, pensamos em manter o número de lojas, embora em alguns pontos tenha que haver alguma reavaliação.

Produzem 50% para a marca própria, e os restantes para outras marcas. O objectivo é que a marca própria cresça?
O objectivo é aumentar para 75% da nossa capacidade produtiva e, por outro lado, aumentar também as exportações. Porque Portugal é um país pequeno. Não há dúvida que temos de criar alguma massa crítica com a distribuição própria lá fora. Sabemos que com a marca também levamos o nome de Portugal, e ajudamos a construir o “made in Portugal”, não apenas para nós, mas para as restantes empresas do País, que também precisam dele. O apelo que faço é que temos todos de ser fortes lá fora. Portugal tem de ser forte, sobretudo, lá fora.

 

Fonte: Económico

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