O último BP Statistical Review of World Energy, lançado em Junho, mostra como alterações significativas nos níveis de produção e consumo de energia globais se reflectem fortemente nos preços, no ‘mix’ de combustíveis e nas emissões de dióxido de carbono, também a nível global.

O documento dá conta de um significativo abrandamento no crescimento do consumo de energia primária global em 2014, apesar de o crescimento económico mundial se ter mantido nos níveis de 2013. A subida foi de apenas 0,9%, a mais baixa desde a década de 90 (com excepção para o rescaldo da crise financeira de 2009) e aquém do crescimento de 2% registado em 2013. Ainda assim, o consumo atingiu níveis recorde em todos os tipos de combustível, com excepção para a energia nuclear.

As economias emergentes continuam a ser as que mais contribuem para o crescimento do consumo global de energia, mas com uma subida de apenas 2,4%, longe da média de 4,2% dos últimos dez anos. De notar que o consumo de energia chinês cresceu apenas 2,6%, o nível mais baixo desde 1998, apesar de a China continuar a ser, pelo décimo quarto ano consecutivo, o país com o maior crescimento do consumo de energia primária a nível mundial. Já na Europa, o consumo de energia apresentou um declínio de 3,9%.

Destaque para o facto de o petróleo continuar a ser o combustível líder a nível mundial, representando 32,6% do consumo global de energia, mas a perder quota de mercado pelo décimo quinto ano consecutivo.
Quanto ao consumo global de carvão, cresceu 0,4% em 2014, muito abaixo da média de 2,9% da última década, resultado sobretudo da estagnação do seu consumo na China, levando a que a quota de mercado deste combustível caísse para 30% do consumo de energia primária total. Também o consumo de gás natural se revelou fraco, a reflectir um inverno europeu pouco rigoroso, representando este combustível 23,7% do consumo total de energia primária.
Quanto às fontes de energia renováveis – eólica, solar e de biocombustíveis – continuaram em alta em 2014, atingindo um recorde de 3% da energia primária total. Em níveis recorde esteve também a hidroeléctrica, que passou a representar 6,8% do consumo global de energia primária total.

Produção em alta, preços e emissões em queda

Quanto à produção, aumentou para todos os combustíveis, excepto para o carvão, com o maior recuo a pertencer à China.
A 64.ª edição anual do BP Statistical Review destaca o impacto da revolução de xisto (petróleo não convencional) que continua em curso nos Estados Unidos, com este país a ultrapassar a Arábia Saudita enquanto maior produtor de petróleo do mundo, e a Rússia enquanto maior produtor mundial de petróleo e de gás. A produção total de petróleo aumentou 2,3%, mais do dobro do consumo, enquanto a produção de energia nuclear cresceu pelo segundo ano consecutivo, sendo a primeira vez que conquista quota de mercado desde 2009.

As alterações na produção e no consumo tiveram um forte impacto sobre os preços da energia. Os preços do petróleo caíram de forma acentuada, devido sobretudo à força da oferta, que fora da OPEP cresceu para níveis recorde, enquanto na OPEP estabilizou para manter quota de mercado. Também os preços do carvão caíram a nível global, enquanto os do gás deslizaram na Europa, mantiveram-se estáveis na Ásia e subiram na América do Norte.

Quanto às emissões de dióxido de carbono resultantes da utilização de energia, cresceram apenas 0,5%, o resultado mais baixo desde 1998 (com excepção para o rescaldo da crise financeira da última década), a reflectir a alteração do padrão de crescimento económico chinês para sectores menos intensivos em energia.

Fonte: Económico

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