Onze empresas portuguesas recebem esta quarta-feira, em Lisboa, prémios pelo investimento no mercado inglês, na sexta edição dos UKTI Business Awards. Os prémios na categoria Internacionalização referem-se a 2012 e distinguem as empresas tecnológicas Active Space Technologies, Science4You, Guestcentric, Modelo 3 e Uniplaces, as consultoras Bright Partners e Business Control Consultoria, a Vista Alegre, Miranda Correia Amendoeira & Associados, e WIS International. Na expansão de negócios, é distinguido o Banco Espirito Santo.

Segundo explica ao Dinheiro Vivo a diretora do UKTI em Portugal, Renata Ramalhosa, as empresas distinguidas são as que se estabeleceram no Reino Unido no ano passado, com a ajuda do organismo governamental. Estes prémios são um “reconhecimento pela decisão empresarial de passar a estar a no mercado com uma presença efetiva, podendo daí tirar as vantagens de passarem a ter uma subsidiária de direito britânico”, indica a responsável.

A marca de brinquedos científicos Science4you é uma das distinguidas, depois de entrar no Reino Unido no final do ano passado. Miguel Pina Martins, CEO da empresa, explica que a escolha deste destino se deveu ao seu peso no mundo dos brinquedos. “O mercado Inglês pode ainda ser a ponte para outros mercados dada a globalização da língua inglesa”, indica ao Dinheiro Vivo.

À semelhança do que fez em Espanha, a Science4You entrou através de parcerias locais e tem apenas uma pessoa sediada no país, o country manager Nuno Gato. Até ao momento, investiu 200 mil euros neste avanço internacional, e prevê alocar o triplo (600 mil euros) no mercado britânico até 2016.

“Este é mais um prémio que nos dá força para continuar a acreditar no sucesso do nosso projeto, a nível internacional. Desde que “abrimos as portas ao mundo”, a adesão e reconhecimento da qualidade dos nossos produtos tem sido excecional”, sublinha o responsável.

A Uniplaces, uma plataforma de arrendamento universitário, também entrou no Reino Unido no final de 2012, em novembro. A escolha do mercado foi fácil: os serviços da empresa dirigem-se a estudantes universitários internacionais e o Reino Unido tem centenas de milhares deles.

“O nosso serviço é particularmente benéfico para estudantes internacionais e fornecedores de alojamento de confiança, que querem usar o seu histórico para promover espaços aos novos alunos. Há 300 mil estudantes a tempo inteiro em Londres e 106 mil estudantes internacionais”, revela o co-fundador da empresa, Ben Grech. “A comunidade de start ups é muito forte e dá muito apoio. Londres é um centro global de start ups”, acrescenta. A Uniplaces não diz quanto já investiu no mercado, mas indica que terá cinco colaboradores a tempo inteiro até ao final do ano.

“Este prémio adiciona credibilidade à nossa marca, à medida que a vamos construindo. Toda a atenção mediática que recebemos em resultado disso também ajudará a aumentar a visibilidade da Uniplaces”, reconhece.

Neste momento, há cerca de 100 empresas portuguesas com investimento e presença direta no Reino Unido, mas o UKTI quer mais. Na calha estão já mais 60 empresas, que se encontram a avaliar a entrada no mercado. “A promoção do Reino Unido como mercado-destino é uma das prioridades do UKTI em Portugal, tendo uma equipa dedicada a esta área de trabalho”, indica Renata Ramalhosa.

Sobre as restrições de crédito por parte da banca, a responsável considera que “as questões de acesso ao financiamento funcionam em duas vertentes, uma vez que um dos fatores de decisão das empresas portuguesas na sua internacionalização prende-se muitas vezes com a maior facilidade de acesso a financiamento no mercado britânico.”

Além da banca, há outros recursos disponíveis, como capital de risco, “juntamente com fortes incentivos fiscais” – é o caso da redução da carga fiscal para as empresas inovadoras (a “Patent Box” permite o pagamento de apenas 10% de impostos relativos a resultados originados por patentes registadas no Reino Unido), acesso a fundos,créditos e elegibilidade no âmbito da Investigação e Desenvolvimento.

As empresas que queiram entrar no mercado britânico devem “ter em conta os fatores económicos, relacionados com a diferença da moeda, fatores burocráticos, como a atribuição dos vistos de permanência no país, e fatores sócio-culturais como as diferentes políticas de trabalho”, sublinha Miguel Pina Martins, da Science4You. Ben Grech, da Uniplaces, complementa: “Londres e o Reino Unido pode ser um mercado mais dispendioso, mas vale a pena.”

Os critérios mínimos para se considerar a existência de um projeto de investimento direto estrangeiro (IDE) são a existência de uma empresa em funcionamento, com registo de sociedade, registos fiscais e afins, instalações locais e pelo menos um recurso humano ligado à empresa, detalha Renata Ramalhosa.

Entre os grupos portugueses estabelecidos no Reino Unido encontram-se a EDP, Grupo RAR, Sonae, Logoplaste, BESI, Grupo Pestana e Frezite. Na edição 2011, foram distinguidas empresas como a Critical Software, a WitSoftware e a Sacoor Brothers. No ano anterior, 2010, tinha sido a vez de nomes como Martifer Solar, WS Energia e Anubis Networks, entre outras.

O UK Trade & Investment (UKTI) é a organização governamental britânica que apoia a expansão internacional das empresas britânicas e promove o investimento estrangeiro no Reino Unido. Em Portugal, a secção de Comércio e Investimento é a representação portuguesa do UKTI na Embaixada Britânica, que representa os interesses do governo britânico e do Reino Unido em Portugal, nomeadamente do ministério britânico dos Negócios Estrangeiros.

Fonte: Dinheiro Vivo

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