O Instituto Politécnico do Porto (IPP) acertou com a Universidade Católica a compra do pólo da Asprela, onde actualmente funcionam as escolas de Biotecnologia e Ciências da Saúde.

Avaliada em 7,2 milhões de euros, a transacção aguarda uma decisão final que o Ministério da Educação disse ao Negócios que será “tomada a seu tempo”, mas que levou já o Bloco de Esquerda a duvidar de “tentativa de apoio financeiro de forma encapotada” à instituição privada de Ensino Superior. Em funcionamento num edifício arrendado à Câmara de Gaia por 560 mil euros anuais, as actuais instalações da Escola Superior de Tecnologias da Saúde do IPP são apontadas como “muito insuficientes” para acolher as 13 licenciaturas e cinco mestrados frequentados por perto de dois mil estudantes. Este argumento, somado à “partilha de equipamentos” com outras escolas do Politécnico no pólo universitário próximo do hospital de São João, completa a justificação da tutela para a mudança. No que toca aos encargos para o erário público, o Ministério tutelado por Nuno Crato argumentou que a alternativa de expandir as instalações em Gaia poderia custar quatro vezes mais. Primeiro dependeria “da possibilidade de se construir em terreno contíguo” propriedade da Câmara, estimado em 7,5 milhões de euros. Depois “pressupunha a aquisição” do actual edifício por 9,5 milhões de euros, deduzido das rendas pagas desde Janeiro de 2012, totalizando um investimento global superior a 15 milhões de euros”. “Por sua vez, a alternativa de construir um novo edifício, com áreas idênticas às do conjunto de edifícios da UCP em questão, não considerando os custos do terreno, também se prevê superior a 15 milhões de euros”, completou o Governo na resposta enviada a 25 de Março para o Parlamento.

1.400 alunos “desalojados”

Ao Negócios, a direcção do IPP pouco mais quis acrescentar. Paulo Ferraz, o administrador do maior Politécnico do País – tem 18 mil alunos e 20 mil professores e funcionários –, garantiu apenas que o negócio “será feito com fundos próprios da instituição”, que a transferência da Escola já no próximo ano lectivo “depende das autorizações a todo o processo” e que “obviamente” a Católica irá abandonar por completo as instalações. Fonte oficial da Católica Porto não quis esclarecer o Negócios sobre as razões que levaram a aceitar a proposta. Nem esclarecer para onde irá transferir as actividades de ensino, investigação e da incubadora de empresas que ali funcionam. Uma das alternativas, avançadas por fontes ligadas ao processo, será “alojar” os 1.400 alunos – mais 15% que no ano anterior, garantiu – no Campus da Foz, onde estão as escolas de Direito, Artes ou Economia e Gestão.A instituição privada indicou a existência de “uma parceria com o objectivo de potenciar as sinergias entre as duas instituições”, que “de momento está a ser concretizada na área de investigação”. E que, frisou, “abrange também um acordo para uso de instalações, estando já alugado um espaço a um centro de investigação do IPP”.

Câmara de Gaia fez ultimato por rendas em atraso

Houve um tempo em que o Politécnico do Porto e a Câmara de Gaia viviam em estado de graça. Apostado em atrair para o seu concelho investimentos e instituições sediadas no outro lado do rio, a cuja autarquia agora se candidata, Luís Filipe Menezes mandou fazer as obras e cedeu um edifício no centro histórico da cidade para o Politécnico aí instalar a Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, que ficaria a pagar ao senhorio camarário uma renda anual próxima dos 600 mil euros. “Mas o Politécnico nada pagou durante muito tempo, tendo apenas regularizado a situação há alguns meses”, adiantou ao Negócios fonte oficial da autarquia gaiense, a qual chegou até a fazer um ultimato à instituição. O Politécnico não quis clarificar esta matéria nem pronunciar-se sobre o futuro das instalações em Gaia, as quais, segundo a mesma fonte, darão lugar a um pólo cultural do mesmo Politécnico.

Fonte: Negócios

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