Portugal aprofundou mais do que o previsto a recessão no quarto trimestre de 2012, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) contraído 3,8 % face há um ano atrás, com a procura interna pressionada pela austeridade do resgate externo e as exportações a desacelerarem “significativamente”, segundo dados do INE.

Esta queda homóloga foi superior à descida de 2,9 % estimada pelos analistas e compara com a contração de 3,5 % no terceiro trimestre.

Nesta Estimativa Rápida, o Instituto Nacional de Estatística (INE) referiu que, entre Outubro e Novembro de 2012, o PIB teve uma contração de 1,8 % comparando com os três meses anteriores, quando a queda em cadeia se situou em 0,9 %, e igualmente pior do que a descida de 1,0 % prevista.

No conjunto do ano de 2012, o PIB contraiu-se 3,2 % — a maior recessão económica em 30 décadas — uma queda mais acentuada do que os 3,0 % estimados pelo Governo e pela ‘troika’ de credores internacionais e versus a contração de 1,6 % em 2011.

“O contributo positivo da procura externa líquida diminuiu significativamente no quarto trimestre, verificando-se uma diminuição menos acentuada das Importações de Bens e Serviços e uma redução das Exportações de Bens e Serviços”, afirmou o INE.

Adiantou que, “em sentido oposto, a procura interna apresentou um contributo menos negativo para a variação homóloga do PIB, traduzindo sobretudo a redução menos expressiva do Investimento”.

Portugal, por imposição do resgate da União Europeia (UE) e FMI, está a tomar medidas severas para corrigir os seus desequilíbrios macroeconómicos, como aumento de impostos, corte de benefícios e de salários que têm reduzido o rendimento disponível das famílias e levado à descida do consumo privado.

Com a economia doméstica deprimida, as empresas têm também enfrentado fortes restrições de financiamento, que têm gerado o encerramento de empresas e a destruição de emprego, bem como têm sido uma das principais razões para a queda do investimento.

Ontem, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, qualificou como “terrível” o facto da taxa de desemprego em Portugal ter acelerado no quarto trimestre de 2012 para um novo máximo histórico de 16,9 %, vendo o ‘pico’ a ser atingido em 2013.

Visando descer o défice público para 4,5 % do PIB em 2013 contra os 5,0 % de 2012, que apenas terão sido alcançados com medidas ‘one-off’ equivalentes a um ponto percentual do Produto, o Executivo teve de agravar a austeridade este ano e impôs a maior subida de impostos em 38 anos de Democracia.

Desta forma, Portugal deverá ter o seu terceiro ano seguido de recessão económica em 2013, prevendo o Governo que o PIB se contraia 1 %, embora o Banco de Portugal (BP) seja mais pessimista e aponte para uma contração de 1,9%.

Fonte: SIC Notícias

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