Emissão sindicada de obrigações do tesouro poderá ocorrer a muito breve trecho, diz o Diário Económico. Vítor Gaspar esteve na semana passada em conversações no BCE. “Yields” da dívida pública estão esta manhã em ligeira alta.

O Governo está a preparar a antecipação do regresso de Portugal aos mercados de dívida de longo prazo. Na calha está uma emissão sindicada de obrigações do tesouro (OT) a cinco anos, que poderá decorrer já nos próximos dias, escreve o “Diário Económico”.

A decisão final está ainda dependente, segundo o jornal, do “roadshow” que o Governo está a realizar esta semana nos EUA, da reunião do Eurogrupo da próxima segunda-feira e da execução orçamental de 2012, diz o diário. Contudo, a intenção é regressar aos mercados antes de 25 de Fevereiro, data de início da sétima avaliação da troika.

As intenções do Governo surgem numa altura em que os mercados da dívida estão a mostrar sinais de recuperação, e em que a Irlanda se prepara para abandonar o programa de assistência financeira.

O IGCP prometeu na semana passada que irá “explorar” o regresso aos mercados de longo prazo se continuarem a baixar as taxas implícitas no mercado secundário e se se intensificarem os sinais de que haveria procura entre os investidores internacionais por obrigações do Tesouro, isto é, dívida com prazo superior a dois anos.

O ministro das Finanças esteve também na semana passada no no BCE em reuniões de trabalho destinadas a preparar o regresso de Portugal aos mercados e desenvolver as acções necessárias à concretização da união bancária, revelou então fonte oficial ao Negócios.

As taxas de juro da dívida pública portuguesa têm caído de forma sustentada no mercado secundário e os analistas e investidores têm pressionado as autoridades portuguesas para avançarem desde já com uma emissão de títulos de dívida pública a longo prazo. Hoje as “yields”  estão a registar uma ligeira subida, mas a taxa de rendibilidade da dívida a 10 anos permanece abaixo dos 6,5% (em 6,414%); a de cinco anos em 5,294%; e a de dois em 3,556%.

A primeira abordagem que o Governo português fez ao mercado de dívida e longo prazo foi em finais do na passado através da operação de troca de obrigações que vencem em Setembro de 2013 – e que já não podiam ser pagas com o empréstimo da troika – por títulos com maturidade até 2017. Desde que solicitou ajuda externa, em Abril de 2011, Portugal fez apenas emissões de bilhete do tesouro.

A Irlanda, após outro de tipo de emissões, nomeadamente um operação de troca como a realizada por Portugal, fez na semaa passada aquela que se pode considerar a primeira emissões de títulos de longo prazo, com maturidade de cinco anos que foi considerada bem sucedida.

Os analistas têm considerado que Portugal seguirá uma estratégia semelhante à da Irlanda que abrirá o caminho para o regresso aos mercados. O governo português tem acompanhado de perto as operações realizadas pela Irlanda.

Portugal tem de começar a financiar-se no mercado financeiro este ano, já que o envelope financeiro da troika já não é suficiente para garantir as necessidades de financiamento do Estado em 2013. Mas as operações já realizadas em 2012, de acordo com o que tem sido referido pelas autoridades portuguesas, garantem já os recursos necessários para este ano evitando assim que o país fique sujeito a pressões última hora, tornando-o dependente dos investidores financeiros.

Fonte: Jornal de Negócios

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