Mais de 140 mil consumidores já aderiram à iniciativa da Deco, cujo objectivo é fazer baixar o valor da factura de electricidade paga pelos portugueses no mercado liberalizado.

Juntos pagamos menos”. Esta é a expressão que a Deco está a utilizar numa campanha inovadora em Portugal e que promete abanar o mercado liberalizado de energia. A associação de consumidores lançou um leilão cujo objectivo é aliviar o valor da factura de electricidade das famílias portugueses. E como é que isso é feito? A associação de consumidores está a convidar todos os consumidores de electricidade do segmento doméstico a juntarem-se com vista a contratualizarem em conjunto o fornecimento de energia, através de um leilão em que os fornecedores de energia do mercado liberalizado têm a oportunidade de apresentar propostas: o operador vencedor será o que oferecer a solução mais económica para o bolso dos consumidores. Esta iniciativa tem sido de tal forma bem recebida que já reúne mais de 140 mil inscrições. Os fornecedores de electricidade tenderão a oferecer uma tarifa melhor, perante a possibilidade de, num só passo, ganhar milhares de clientes de forma praticamente instantânea.

A falta de concorrência no mercado liberalizado de energia é a razão apontada pela Deco para avançar com esta iniciativa. “Entendemos que o mercado, apesar de estar numa fase de liberalização

[processo que tem de estar concluído até 2015], as propostas que têm sido oferecidas não são concorrenciais. Por isso decidimos criar condições para a realização de um leilão competitivo”, justifica Rita Rodrigues, responsável pelas relações institucionais da Deco. Em termos práticos, os consumidores têm até 30 de Abril para se inscrever de forma gratuita através de um portal criado pela Deco para esse efeito (www.paguemenosluz.pt) e onde cada consumidor deverá incluir informação sobre as condições do actual contrato de electricidade de forma a obter a solução mais adequada ao seu caso. Depois dessa data, a associação de consumidores fará um leilão pelo melhor preço entre os operadores de mercado. Após estarem definidos os operadores vencedores, os consumidores que aderiram à campanha passarão a beneficiar das condições de preço resultantes do leilão, caso o desejem. Rita Rodrigues lembra que, ao longo do leilão, os consumidores vão ter a oportunidade de acompanhar ao minuto as propostas que vão sendo avançadas pelos operadores. Apesar de ainda não saber se todas os fornecedores pretendem participar nesta iniciativa, a responsável da Deco atesta que aqueles que foram contactados receberam a iniciativa de uma “uma forma muito positiva”.

Também a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos- a ERSE- vê com bons olhos para essa iniciativa. Em declarações à Lusa, o regulador do sector da energia, intitulou-a “não só positiva como desejável, pois permite aos consumidores potenciar a negociação com os comercializadores e a estes diminuir os encargos com a angariação de clientes”.

Do ponto de vista da adesão dos consumidores, as expectativas têm sido superadas. Desde o lançamento da iniciativa no início da semana, mais de 140 mil portugueses já se inscreveram. “Tem-nos surpreendido a rapidez de resposta, apesar de já contarmos com uma forte adesão”, refere Rita Rodrigues sem, no entanto, avançar com previsões de adesão nem de descontos possíveis de alcançar na factura de electricidade em resultado deste leilão, referindo que “o segredo é a alma do negócio”. No entanto, em experiências semelhantes levadas a cabo em países como a Alemanha, Bélgica, Holanda e Inglaterra, estes leilões resultaram em poupanças para os consumidores.

Mas, grande parte do segredo do sucesso desta acção depende sobretudo do número de adesões angariadas, já que quanto mais elevado for este número maior é o poder negocial junto dos fornecedores de electricidade presentes no mercado liberalizado. No texto ao lado pode ficar a conhecer as respostas a algumas questões relacionadas com todos os passos deste leilão, desde a adesão até à formalização do contrato.

Fonte: Económico

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