As marcas de luxo procuram cada vez mais a qualidade e o ‘know how’ da indústria portuguesa de calçado.

Lanvin, Louis Vuitton, Versace, Guess ou Hugo Boss são apenas alguns exemplos de marcas internacionais de prestígio que escolheram empresas portuguesas de calçado para fabricar as suas colecções. “Estamos a ser procurados por grandes marcas internacionais”, garante Reinaldo Teixeira, director da Carité, empresa que assegurou 14 dos 16 milhões de euros facturados em 2012 com a produção para terceiros. Para Reinaldo Teixeira este ‘regresso’ deve-se “à crise”, ou seja, às dificuldades de financiamento das empresas, a que se soma a capacidade de resposta e a qualidade da indústria portuguesa.

“Estamos a financiar” essas marcas, pois “encomendam e só pagam no fim”, realça o gestor, que ontem apresentou ao mercado, na feira de calçado de Milão, Itália, a sua marca de luxo J. Reinaldo. André Fernandes, gestor da Evereste, confidenciou também que as encomendas na China “têm que ser em maiores quantidades e pagas à cabeça”. Nesta conjuntura internacional, nem as marcas ‘premium’ arriscam. “As encomendas são mais contidas, mais em cima da estação”, além que as marcas têm “condições de pagamento mais flexíveis” e assim contornam “as dificuldades de acesso ao crédito”, diz ainda.

Para André Fernandes, a proximidade com as sedes das marcas internacionais é também uma vantagem para a indústria portuguesa. “Em três, quatro semanas podemos responder a uma encomenda”, salienta. “Podem pedir-nos vinte amostras e em 24 horas estão prontas”, afiança. O gestor salienta também que é a indústria tem quase quatro meses por ano com uma quota de produção de quase 50%. As encomendas internacionais ‘premium’ são assim uma garantia de trabalho para todo o ano, já que colocam os seus produtos mais cedo nas lojas. “Para além de uma marca, somos uma fábrica, com 60 famílias dependentes”, frisa.

A Evereste, que detém a marca própria Cohibas, garantiu no ano passado mais de metade dos 4,5 milhões de vendas com o ‘private label’. Mas não descura a marca própria, já que “é a nossa segurança e dá mais margem”. Afinal, como chegam, as marcas internacionais podem partir. Ainda assim também asseguram o capital necessário para que a indústria portuguesa possa dar o salto na criação das suas próprias marcas.

“Cada vez há mais marcas à procura” da produção nacional, frisa também José Pontes, director comercial da Cruz de Pedra. Contudo e apesar do ‘private label´ valer 70% dos seis milhões de vendas, o objectivo é firmar a própria marca, diz. A Cruz de Pedra produz o clássico sapato de couro, mas aventurou-se também pelo fabrico de calçado mais ‘casual’, sob a marca Campobello.

A Darita tem clientes internacionais como a Gant no seu portfolio, mas o objectivo da empresa é vencer no mercado com a sua marca própria, a Friendly Fire. Segundo Noel Rocha, a produção para terceiros vale 95% dos cinco milhões facturados em 2012. Alavancados no reconhecimento internacional de bem fazer, a Darita lançou no Outono passado a Friendly Fire, projecto que demorou quase três anos a conceber. Noel Rocha quer que “dentro de alguns anos, a marca valha entre 50 a 60%” do volume de negócios.

Fonte: Económico

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