Crise na Europa empurra empresas nacionais para África, Ásia e América. Design e high tech compensam mão de obra barata.

Sofia Botelho regressou na semana passada ao Porto, vinda de São Paulo, depois voou para Pequim e hoje regressa a Portugal: um percurso de mais de 35 mil quilómetros a tentar internacionalizar os têxteis portugueses. “Temos de procurar alternativas à Europa. A recuperação (económica) está lenta. Mesmo na Alemanha, notamos uma certa quebra”, diz a directora-executiva da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, considerando que “há muito mercado no mundo inteiro, da Turquia ao Japão”.

Os números dão-lhe razão: em 2012, as exportações portuguesas de tecidos caíram 4,5% em relação ao ano anterior, mas as vendas para a China, sobretudo tecidos de algodão e fibras sintéticas e artificiais, estão a crescer acima dos dois dígitos.

Desde o início do ano, Sofia Botelho já participou em quase uma dezena de feiras internacionais do sector – desde Nova Iorque a Moscovo, passando por Londres, Paris e Milão – e em Abril estará em Tóquio.

Formada em Economia e ligada há 25 anos ao sector têxtil, Sofia Botelho representa também a Associação Selectiva Moda, o organismo da APT encarregue de promover o país internacionalmente.

Na segunda-feira passada aterrou em Pequim para acompanhar a nova edição da “Intertextile” local, um dos mais concorridos certames do género na Ásia, organizado pela Mess Frankurt.

À CONQUISTA DA CHINA Da camisaria aos jeans, a oferta portuguesa desdobrou-se em designs inovadores e propriedades high tech para cumprir os exigentes requisitos dos clientes chineses.

Foi a segunda vez que a indústria nacional participou no certame em Pequim com um pavilhão próprio, intitulado “From Portugal”. E este ano com sete empresas, mais duas do que em 2012: a Arco Têxteis, a Lemar, a Riopele, a Somelos, a Teviz, a Têxtil de Serzedelo e a Troficolor.

“Somos reconhecidos como europeus, ao lado dos italianos, com um nível de preços e de qualidade idêntico”, realça Sofia Botelho.

Devido ao preço da mão-de- -obra chinesa, em termos de confecção, será difícil competir com a China, mas a responsável da APV aponta outros trunfos: “Temos qualidade, inovação, design e moda (…) Vendemos para grandes mercados internacionais”.

INTERNACIONALIZAÇÃO No âmbito do projecto “From Portugal”, promovido pela Associação Selectiva Moda, com apoio de fundos comunitários, estão programadas para este ano mais de 60 acções internacionais em quatro continentes (Europa, África e América).

Sofia Botelho não irá a todas, mas os quilómetros que fez em apenas três meses equivalem a mais do que uma volta ao mundo: “Vão dizer que passo o tempo a viajar”, graceja.

Não vão: no caso da China, onde Sofia Botelho vem regularmente desde há cerca de dez anos, as exportações portuguesas de tecidos aumentaram 35,4% em 2012, ultrapassando os seis milhões de euros.

Fonte: Jornal i

Comentários

comentários