A estreia de Angola no mercado de dívida soberana poderá acontecer já na próxima semana. O país pretende recolher até 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de euros).Deutsche Bank, Goldman Sachs e Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) são os bancos de investimento que estão a apoiar a venda de títulos de dívida em dólares, adianta esta segunda-feira o Financial Times.

O leilão de dívida angolana é esperado desde 2009 e foi antecipado também em 2011 e em 2013. Mas, em 2015, a moeda local, o kwanza, já desvalorizou mais de 30% desde o início do ano, devido à forte desvalorização do petróleo nos mercados internacionais desde junho de 2014. O país liderado por José Eduardo dos Santos está entre os 20 maiores produtores mundiais de petróleo.

A ronda de apresentação junto de investidores institucionais já está a decorrer. Não foram anunciadas, para já, nem a taxa de juro para esta operação nem a respetiva maturidade.

A estreia no mercado de dívida de Angola poderá atrair investidores internacionais que procuram maiores oportunidades de rentabilidade face a emissões que têm sido feitas, por exemplo, na zona euro, cobertas pela política de compra de ativos do Banco Central Europeu.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.

O país foi mesmo obrigado a apresentar um orçamento retificativo no início de 2015, com fortes cortes nas despesas para evitar o défice nas contas públicas.

Angola não é o único membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a ter de procurar alternativas de financiamento. A Arábia Saudita, no final de setembro, procedeu ao resgate de milhares de milhões de dólares de fundos de investimento internacionais.

Quer o WTI, o crude de referência para os EUA, quer o brent, de referência para as importações portugueses, negoceiam atualmente abaixo dos 50 dólares. Montante que causa prejuízos em vários dos membros da OPEP. O Irão defendeu na segunda-feira que o cartel deveria reduzir a oferta daquela matéria-prima para impulsionar uma subida dos seus preços.

A Arábia Saudita, o maior produtor da OPEP, tem defendido a manutenção da produção de petróleo para evitar a perda de quota de mercado para os Estados Unidos.

Fonte: Dinheiro Vivo

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