A agência de ‘rating’ Moody’s estima que os bancos em Angola têm entre 15 a 30% de empréstimos associados ao setor do petróleo e gás.

A agência de ‘rating’ Moody’s estima que os bancos em Angola têm entre 15 a 30% de empréstimos associados ao setor do petróleo e gás, o que aumenta os riscos e deve reduzir os lucros.

“Na Nigéria, 24% dos empréstimos do sistema bancário estão relacionados com o Petróleo & Gás, o que compara com a nossa estimativa de entre 15 a 20% de empréstimos a este setor em Angola”, lê-se num relatório da Moody’s hoje divulgado, no qual se afirma que “apesar de os bancos nigerianos e angolanos manterem significativas almofadas financeiras, esperamos que sejam pressionados pelo aumento dos custos do crédito e reduzido lucro nos próximos 12 a 18 meses”.

No relatório sobre o impacto dos preços baixos no sistema bancário a nível mundial, a Moody’s diz que o cenário é de ‘lower for longer’, ou seja, mais barato durante mais tempo, o que faz os analistas desta agência de ‘rating’ verem “um aumento das ameaças para alguns bancos devido a diferentes combinações da sua exposição a empréstimos a entidades relacionadas com este setor, a dependência direta ou indireta aos governos cada vez mais limitados na sua despesa pública, e aos impactos do abrandamento no crescimento económico”.

O documento, com o título ‘Moody’s 2016 Bank Oil Report, apresenta um conjunto de considerações sobre a relação entre o sistema financeiro e o setor do petróleo e gás, concluindo que, a nível mundial, “a exposição direta e indireta dos bancos à queda do preço do petróleo tem o potencial para degradar a qualidade dos ativos, particularmente nos países exportadores” desta matéria prima”.

No capítulo sobre África, a Moody’s analisa os dois maiores produtores da África subsaariana, a Nigéria e Angola, concluindo que ambos os países “dependem fortemente” deste setor: 10% e 35/ do PIB, respetivamente, e 96 e 98% das exportações.

“Os preços baixos do petróleo reduziram as receitas dos governos e criaram grandes défices orçamentais, levando a cortes na despesa pública e à queda dos investimentos”, afirmam, notando que “o rápido declínio nas receitas petrolíferas levou as reservas em moeda estrangeira a caírem entre 10 a 15% quer na Nigéria, quer em Angola, o que levou a uma desvalorização da moeda local pelos bancos centrais”.

A redução das receitas e lucros das empresas petrolíferas como a Sonangol, que hoje mesmo apresentou uma queda de 34% nas receitas e 45% nos lucros em 2015, leva a Moody’s a concluir que espera “um aumento dos empréstimos problemáticos devido à reduzida capacidade das empresas servirem a sua dívida”.

Na análise à situação atual, os analistas dizem que “as reduzidas receitas do Governo e o abrandamento da atividade económica fez aumentar o atraso nos pagamentos do Estado às empresas, o que pressiona a qualidade dos ativos bancários e vai reduzir o volume de novos empréstimos e, por conseguinte, os lucros”.

A desvalorização das moedas na Nigéria e Angola “traz desafios acrescidos na gestão dos ativos de risco para os bancos e aumenta a probabilidade de um banco não conseguir cumprir as suas obrigações sobre as dívidas em dólar”, diz a Moody’s, concluindo, no entanto, que espera que “as almofadas de liquidez em moeda estrangeira em ambos os sistemas bancários vão continuar a chegar para cumprir as suas obrigações financeiras nos próximos 12 a 18 meses”.

Fonte: Dinheiro Vivo

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