Economia cai pelo terceiro trimestre consecutivo, colocando em foco os efeitos recessivos da política de austeridade do governo da presidente Dilma Rousseff.

Dilma Rousseff teve ontem mais uma má notícia na frente económica: o PIBbrasileiro registou uma quebra homóloga de 4,5% entre Julho e Setembro, um sinal de que a maior economia da América Latina pode estar a caminho de sofrer a pior recessão dos últimos 80 anos.

“Quando olhamos para a queda recorde do PIB, vemos que todas as actividades produtivas registaram quedas. O sector da indústria recuou 6,7%, a maior descida desde 2009, enquanto a Agropecuária caiu 2% e os Serviços 2,9%”, explicou a responsável pelas contas nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cláudia Dionísio adiantou ainda que, desde Janeiro, a economia brasileira já se encontra com uma quebra de 3,2%, depois de ter caído 1,7% em cadeia (do terceiro trimestre face ao segundo).

A deterioração contínua da economia brasileira, a pior desde a verificada no governo do presidente Collor de Mello (1990-1992), é explicada pelo IBGE com uma combinação da queda dos preços das matérias-primas de que o país é produtor, da política de austeridade orçamental que está a ser levada a cabo pelo governo e do fim do crédito fácil ao consumo.

A confiança económica no país também tem sido bastante sacudida pela investigação ao caso ‘Lava Jato’ – corrupção na petrolífera estatal Petrobras que tem arrastado empresas estratégicas nos sectores da energia e da construção do país. A incerteza sobre o ambiente económico brasileiro aumentou ainda na semana passada com a detenção. por tentativa de obstrução da Justiça, do multimilionário André Esteves, CEO do banco de investimento BTGPactual e o 13º homem mais rico do país, que teria tentado subornar um dos ex-directores da Petrobras para que travar denúncias aos investigadores da ‘Lava Jato’.

Segundo os analistas, o fraco desempenho do PIBvem aumentar as pressões sobre as políticas da presidente Dilma, que, com uma taxa de aprovação de apenas 8%, está a tentar implementar medidas de contenção orçamental para evitar o ‘downgrade’ da avaliação da dívida do país por parte das agências internacionais, ao mesmo tempo que está a enfrentar apelos para o seu ‘impeachment’ dentro do Congresso.

“Parece agora provável que o PIBvai recuar cerca de 3,5% este ano”, contra a contracção de 2,5% que é prevista pelo governo, disse Luciano Rostango, analista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, citado pela Bloomberg, que sublinhou que a balança comercial só melhorou devido a uma quebra em 20% das importações. Para a empresa Capital Economics, “o único ponto animador é que as coisas têm sido tão más este ano que não podem ficar muito pior em 2016”.

Fonte: Económico

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