O setor metalomecânico representa atualmente 1,5% do PIB português depois de uma forte aposta nas exportações. Se os fundos comunitários ajudarem, a Associação do setor estima que possa dobrar o seu contributo para a economia.

Não é uma novidade: em 2014 a metalomecânica foi a campeã das exportações com um total de 13,8 mil milhões de euros em produtos vendidos ao estrangeiro. O aumento foi de 30% face ao ano de 2013 e reflete uma aposta na diversificação de mercados – são já 200 países.

Mas depois de um ano em que bateu o setor têxtil e o do calçado, com a exportação de 80% da produção, a metalomecânica quer agora ver o seu contributo para o Produto Interno Bruto nacional dobrar durante os próximos cinco anos.

“Se o Portugal 2020 apostar neste sector obrigando a que as novas fábricas sejam construídas em estrutura metálica e não em betão; se obrigar que a reabilitação dos centros urbanos seja feita com base em estruturas de aço; e , ainda, se forem financiados os projetos inovadores que o sector possui, estou plenamente convencido que, no espaço de 15 anos, chegaremos aos 3% do PIB português”, afirmou ao Dinheiro Vivo, Filipe Santos da CMM, Associação portuguesa de construção metálica e mista.

Atualmente, a metalomecânica de construção vale 1,5% do PIB e, para que haja uma revolução neste setor, aguarda-se com expectativa a definição total dos fundos do próximo quadro comunitário de apoio. E os exemplos que vieram do Qren não são os melhores.

“Ao longo de 30 anos foram investidos 90 mil milhões de euros de fundos comunitários em Portugal e o país está como está. Com mais infraestruturas, é certo, mas igualmente pobre: o rendimento média per capita dos portuguesas continua à mesma distância do rendimento dos países do centro da Europa que estava em 1986”, diz o engenheiro da VESAM, uma das empresas nacionais do setor.

O que quer dizer? “Algo não funcionou na estratégia de dar prioridade ao betão nos quadros de verbas europeias que vigoraram entre 1986 e o final do QREN”, aponta Filipe Santos, lembrando que o objetivo para estes novos anos do Portugal 2020 deve passar por construir espaços que permitam a criação de valor. Mesmo na construção.

“As verbas serem dirigidas para a construção não oferece problemas se for, por exemplo, para construir fábricas modernas que produzam produtos competitivos no mercado internacional. O essencial é que essa construção seja verdadeiramente durável, mais económica, mais amiga do ambiente e, acima de tudo, exportável. Isso só acontece com a construção metálica”, disse.

Por exemplo: uma fábrica feita em Sines pode ser transportada para Gaia, ou exportada para Marrocos. “É só desmontar e montar”, afirma, lembrando que “se os centros urbanos foram reabilitados colocando estruturas metálicas no interior dos edifícios, por exemplo, isso tornará a operação mais rápida, mais barata e mais flexível para intervenções futuras”.

Neste momento, a CMM está a “trabalhar em diversas frentes”, mantendo parcerias com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Um dos projetos mais reconhecidos é o “Portugal Steel” que reúne projetistas, fabricantes de máquinas e aço e armazenistas de aço de forma a promover a construção metálica em Portugal e internacionalização das empresas do setor. Este projeto está a ser apoiado por verbas comunitárias.

Fonte: Dinheiro Vivo

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