A China considera que o crescimento económico impulsionado pelo crédito, é um dos principais riscos da segunda economia mundial. O FMI alerta sobretudo para o excessivo endividamento das empresas chinesas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) na sexta-feira emitiu mais um aviso sobre o rápido aumento da dívida na China, especialmente da dívida de corporativa (das empresas.
Recorde-se que a China tem sido um país que faz investimentos em empresas em mercados internacionais. Portugal é dos países destino da internacionalização das empresas, estão já na REN, EDP, Fidelidade, Hospital Luz Saúde, na banca (Haitong Bank, ex-BESI), preparam-se para comprar uma fatia do BCP, e acabam de assinar a compra do Banif Banco de Investimento. Estão também no consórcio accionista da TAP.
A instituição liderada por Christine Lagarde alertou a segunda maior economia do mundo para as consequências no médio e longo prazo de uma dependência “insustentável” do crédito e exortou Pequim a tomar “medidas decisivas” para desanuviar um horizonte económico enublado pela falta de concretização de implementação de reformas vitais.
No seu relatório anual, o FMI reconhece que as perspectivas de crescimento da China têm melhorado no curto prazo pelos estímulos de políticas, tanto fiscais como monetárias. E, embora os economistas do FMI reconheçam os esforços de Pequim, em avançar na implementação de reformas estruturais para alcançar um crescimento sustentável da economia, consideram que mais esforço é necessário em áreas fundamentais como a redução da dívida ou a reestruturação de empresas estatais.
“Sem reformas, o crescimento continuará a ser elevado no curto prazo, mas provavelmente enfraquecerá ainda mais a médio prazo e aumentará a probabilidade de uma desaceleração acentuada da economia”, diz o documento. A China cresceu 6,7% no primeiro semestre do ano, uma taxa em linha com o que as autoridades nacionais fixaram. Na sua mais recente perspectiva económica mundial, o FMI manteve a perspectiva para o gigante asiático de crescimento em 6,2% para o próximo ano.
China está a passar por uma transição estrutural da sua economia baseada em três pilares: aumentar o peso do sector dos serviços em detrimento da indústria; reduzir a importância do investimento público para dar mais destaque ao consumo interno; e uma menor dependência de crescimento baseado no crédito. O progresso nessas frentes é, de acordo com o FMI, desigual. Há um “grande progresso” no primeiro pilar; um avanço “razoável” na segunda; mas “muito pouco” avanço no terceiro.
No fim de 2015, a dívida total da China situou-se em 254,8% do PIB, segundo dados do Banco de Pagamentos Internacionais. Grande parte desta, 170,8%, está nas mãos das empresas. O FMI assegura que o endividamento está num nível “manejável”, mas é urgente actuar: “Nós encorajamos as autoridades a reforçar as restrições orçamentais das empresas estatais, a reestruturar ou a liquidar as empresas com excesso de dívida e reconhecer as perdas e assumi-las, incluindo o Governo, se necessário”.
A China tem promovido iniciativas para reduzir a quantidade de crédito nos balanços das empresas, como a troca de dívida por capital próprio, mas os resultados têm sido limitados. O problema está particularmente concentrado nas empresas estatais, que segundo o FMI aglutinam 55% da dívida corporativa e representam 22% da actividade económica.
O FMI defende que a China deve pôr em prática políticas macroeconómicas destinadas a reduzir estas vulnerabilidades, embora isso irá possa resultar num menor crescimento económico no curto prazo. Mas a China não tem querido sacrificar o crescimento económico actual em prol de um futuro mais sustentável e insistem em querer crescer pelo menos 6,5% ao ano até 2020.
Fonte: Económico