Ao longo dos primeiros cinco meses do ano, o mercado de investimento imobiliário em Portugal atingiu um máximo histórico. Entre Janeiro e Maio deste ano foram transaccionados cerca de 800 milhões de euros em activos de imobiliário comercial, mais do que nos 12 meses de 2014.
O mercado de investimento imobiliário em Portugal atingiu um máximo histórico nos primeiros cinco meses deste ano, tendo sido transaccionados neste período 800 milhões de euros em activos de imobiliário comercial.
Os dados divulgados esta segunda-feira, 15 de Junho, pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield referem que os volumes de investimento relativos às operações já fechadas nestes cinco meses já são superiores ao volume total transaccionado nos 12 meses de 2014.
De acordo com a Cushman & Wakefield, trata-se de um máximo histórico no mercado imobiliário nacional, dado que nos mais de 15 anos de registo de transacções imobiliárias no país nunca havia sido atingido um valor tão elevado de investimento em imóveis.
Assim, estes cinco meses já ultrapassaram os valores registados nos primeiros semestres de 2006 e 2007, anos em que foram registados valores recordes no que diz respeito ao volume de investimento transaccionado. Em termos médios, o volume transaccionado no primeiro semestre ao longo dos últimos 17 anos é de 300 milhões de euros, “menos de metade do valor que foi transaccionado em 2015 em apenas cinco meses”, sublinha a consultora imobiliária.
A Cushman & Wakefield acrescenta ainda que os mais de 20 activos já negociados, e que representam um fluxo de capitais estrangeiros superior a 600 milhões de euros que entraram no país, totalizam quase 80% dos negócios já fechados neste período.
Os capitais norte-americanos afirmam-se como os mais representativos, originários de mais de 400 milhões de euros de investimento estrangeiro, o que também representa um novo máximo histórico para o investimento no sector imobiliário português por parte de investidores dos Estados Unidos. Em 2014 o investimento norte-americano tinha sido de 350 milhões de euros.
Em relação ao peso do investimento estrangeiro no sector imobiliário nacional segue-se Espanha. Os capitais provenientes de Espanha representam 22% do investimento feito nos primeiros cinco meses de 2015, seguindo-se os investidores de origem tailandesa, quase totalmente representados pelos investimentos feitos pelo grupo Minor International, que no primeiro trimestre comprou um portefólio de quatro hotéis Tivoli à Gespatrimonio Rendimento por um valor próximo dos 120 milhões de euros.
Sector do retalho absorve mais de metade do investimento
Também o investimento em imobiliário comercial denotou maior dinamismo no mercado, com o volume médio por negócio a situar-se perto dos 58 milhões de euros, bem acima da média dos últimos 10 anos que foi de 17 milhões de euros.
Após alguns anos de acalmia no sector, o retalho recuperou a liderança no que concerne ao volume de capital investido, totalizando 67% do volume transaccionado.
O destaque foi para a compra de um portefólio ibérico de três centros comerciais por parte da Blackstone à Commerzreal, entre os quais o Almada Fórum (na foto), enquanto principal activo, e o Fórum Montijo, num negócio que a Real Capital Analytics estima em mais de 370 milhões de euros.
Depois do retalho, o sector hoteleiro foi o mais representativo em termos de volume de capital investido, volume exclusivamente representado pelo negócio relativo aos hotéis Tivoli já referido.
Contrariamente ao verificado nos últimos anos, o sector dos escritórios representou somente 9% do total de capitais investidos nos primeiros cinco meses deste ano em activos imobiliários comerciais, com um total e quatro operações representativas de um volume investido superior a 70 milhões de euros.
A Cushman & Wakefield destaca ainda a compra do edifício Entrecampos, 28, situado no Central Business District, em Lisboa e totalmente ocupado por uma empresa do Grupo PT, por um fundo gerido pela sociedade Norfin à gestora de fundos Aberdeen. Tratando-se este negócio do mais representativo em termos de valor.
No entender da consultora imobiliária, os valores de mercado estão a reflectir o forte aumento da actividade bem como a correcção em baixa das “yields”. Depois de meados de 2014, o grande volume de transacções no imobiliário comercial, em Portugal, contribuiu para a recuperação de valor dos activos mediante a descida das “yields” de referência, explica a Cushman & Wakefield. Actualmente, numa maturidade a 18 meses, as “yields” recuperaram entre os 150 e os 225 pontos base. Sendo que no primeiro trimestre deste ano, as “yields prime” já se aproximaram dos valores verificados no período anterior à crise, situando-se agora nos 6% para escritórios e centros comerciais, nos 5,75% para comércio de rua e nos 7,50% para o sector industrial.
Esta é uma tendência que deverá manter-se. Para Marta Esteves Costa, directora do departamento de research & consultoria da Cushman & Wakefield, “as nossas expectativas apontam para uma manutenção deste forte crescimento do volume total transaccionado”. Marta Esteves Costa acredita que é “cada vez mais provável que se atinja um novo recorde absoluto em termos de volume de capitais investidos no mercado português”.
Fonte: Negócios