Expectativas de crescimento suportam enfoque nos mercados desenvolvidos, com Europa em destaque.
Os receios em torno do crescimento económico mundial, que tanta preocupação tem gerado entre os investidores, não têm razão de ser. Esta é a convicção do JP Morgan que num seminário com clientes, realizado ontem em Lisboa, considerou que os mercados já estão a descontar uma recessão global que não se deverá confirmar, defendendo ser um bom momento para investir em acções apesar da volatilidade. Neste contexto, o mercado europeu mantém-se no topo das preferências do banco norte-americano.
“Temos um ‘outlook’ positivo para a economia, continuamos positivos em activos arriscados – acções e crédito – mas isso não significa que não estejamos conscientes que existem riscos. Entendemos que os mercados estão basicamente a descontar uma recessão global que não achamos que venha a acontecer. Se acreditássemos deveríamos estar curtos em acções”, explicou Manuel Arroyo, director de estratégia da JPMorgan Asset Management para Espanha e Portugal. As estimativas do banco de investimento são no sentido de um crescimento “moderado e não espectacular”:entre 2% e 3% a nível global, em torno de 2% nos EUA e um pouco menos na Europa.
Este responsável do JP Morgan salienta que o principal driver do crescimento será o consumo dos países desenvolvidos, já que a expectativa é de que a divergência entre as economias desenvolvidas e as emergentes continue. Manuel Arroyo destaca o aumento real dos salários e o crescimento do crédito aos particulares, como alguns dos factores que mais contribuirão para essa subida do consumo.
Tendo em conta esse cenário, a JP Morgan continua a gostar de activos arriscados e defende que as acções irão desempenhar melhor do que as obrigações. Manuel Arroyo suporta-se de dados históricos, explicando que sempre que a Fed subiu juros, assistiu-se a volatilidade nos mercados, mas que alguns meses depois as acções tiveram sempre retornos positivos. “As avaliações já estão a reflectir isso”, explica o responsável da JP Morgan, salientando que “este é um momento em que compensa investir em acções numa perspectiva de longo prazo”. Em termos de expectativas, Manuel Arroyo considera que os resultados são um elemento chave.
O mercado accionista europeu é uma das regiões em que o banco de investimento apresenta uma postura mais optimista. “Os dados macroeconómicos continuam a ser incrivelmente suportáveis”, destaca Paul Shutes, especialista em acções europeias da JP Morgan, explicando que a economia doméstica será o principal driver do crescimento e do mercado accionista europeu. Paul Shutes salienta ainda que depois de cinco anos de decepção, as empresas europeias começam a apresentar um crescimento de resultados. Em termos sectoriais, as empresas cíclicas, segundo Paul Shutes, “aparentam estar com avaliações atractivas”. Pela negativa o destaque recai sobre a banca, por não conseguirem gerar muitos lucros (algumas abordagens de investimento para a Europa na caixa ao lado). Mas ganhar no mercado accionista europeu não será fácil. Paul Shutes antecipa mais volatilidade e a necessidade de assumir estratégias de investimento flexíveis.
No mercado da dívida, o banco de investimento continua a gostar de investir em ‘high yield’. “O ‘high yield’ tem sido uma classe de activos muito volátil, mas muita dessa volatilidade tem-se devido a uma questão de liquidez em vez dos fundamentais. Se olharmos para os fundamentais da maior parte das empresas verificamos que têm sido muito conservadoras e que têm investido todo o montante das novas emissões de obrigações. Graças a isso o risco é muito baixo”, destaca Manuel Arroyo.
Relativamente à actuação da Fed, a JP Morgan acredita que a entidade liderada por Janet Yellen não deverá avançar com novas subidas de juro no curto prazo. Já no que respeita ao dólar, o banco de investimento apresenta uma posição longa, apesar de acreditar que “a grande parte do ‘rally’ para a nota verde já aconteceu.
Fonte: Económico