A marca “Capital do Móvel”, criada em Paços de Ferreira na década de 1980, representou uma mais-valia para o concelho
A marca “Capital do Móvel”, criada em Paços de Ferreira na década de 1980, representou uma mais-valia para a dinamização económica e a notoriedade do concelho, o que é hoje reconhecido por autarcas e empresários.
“É inegável que a Capital do Móvel deu de comer a uma geração. Grande parte dos empresários cresceu com a Capital do Móvel. A marca representa uma mais-valia e é responsável pela dinamização económica”, comenta o mentor da designação, o antigo presidente da Câmara Arménio Pereira.
A marca “Capital do Móvel” está ligada ao certame com o mesmo nome, do qual já se realizaram 46 edições.
O evento, atualmente com 15.000 metros quadrados de exposição e 150 empresas, é o maior do género no país e atrai habitualmente dezenas de milhares de visitantes, incluindo muitos espanhóis.
Realizada desde 1984, a feira representa atualmente uma receita de cerca de sete milhões de euros na comercialização de mobiliário e artigos de decoração. Por lá têm passado vários governantes, que têm evidenciado a importância do certame, do setor e do concelho na economia portuguesa.
A força da marca ganhou contornos nacionais, ao ponto de muitos órgãos de comunicação se referirem à cidade e ao concelho com a expressão “Capital do Móvel”. O próprio estádio de futebol da equipa que milita na primeira divisão assumiu, em 2013, aquela designação.
O ex-autarca destaca à agência Lusa que, desde a criação da marca, existem empresas de sucesso no concelho “que conquistaram novos nichos de mercado”.
Questionado sobre o que o levou a criar aquela marca há quase 30 aos, Arménio Pereira diz terem sido sobretudo razões económicas.
“Deparei-me, à data, com uma situação económica difícil. O município enfrentava o desemprego. Senti que tinha de fazer alguma coisa para resolver o problema”, recorda, acrescentando ter pensado “avançar com uma feira para resolver o problema endémico do desemprego”, sugerindo que se chamasse “Capital do Móvel”.
À data, já se pretendia dar uma dimensão nacional e internacional ao evento, o que foi conseguido com a sucessão de edições, até hoje.
Com a dinâmica conquistada e a posterior globalização, segundo Arménio Pereira, os empresários locais começaram a participar nas feiras internacionais, nomeadamente, em Espanha e noutros países.
Também para Rui Carneiro, presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, entidade responsável pela organização do evento, “a marca Capital do Móvel continua a ser uma referência no concelho e no país”.
“Nos últimos 25 anos fez-se um investimento forte na promoção da marca e isso trouxe notoriedade e visibilidade”, vinca.
Atualmente, 60% da faturação do concelho resulta do setor do mobiliário (cerca de 200 milhões de euros) e 85% da produção das empresas do mobiliário é para exportação.
A Câmara de Paços de Ferreira criou, entretanto, a marca “Capital Europeia do Mobiliário”, com o objetivo de promover o potencial exportador da indústria.
Contudo, segundo a AEPF, “urge acompanhar esta alteração com um investimento firme ao nível promocional”.
“Nesta fase, a marca Capital do Móvel, sem a designação “Capital Europeia do Mobiliário, continua a ter mais força”, defende Rui Carneiro, numa opinião partilhada por Joaquim Barbosa, empresário local há 36 anos.
Reconhecendo que a criação da “Capital do Móvel” impulsionou a indústria local, assinala, em declarações à Lusa, que “a excelência das empresas e dos produtos deve ser promovida além-fronteiras”.
Para o empresário, o futuro do setor “passa pela aposta em novos nichos de mercado, pela presença nas feiras internacionais e pela aposta na diferenciação dos produtos”.
Fonte: Dinheiro Vivo
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