O fundo de resolução vai buscar 4,4 mil milhões de euros da troika para ajudar o BES. Os restantes 500 milhões serão assegurados pelos bancos, através de um reforço do fundo, neste caso sem a troika, apurou o Negócios.

O Banco Espírito Santo vai ser dividido em dois. A parte boa, que se chamará Novo Banco e que ficará com os depósitos e os activos saudáveis; e a parte má, o banco mau que ficará com os activos tóxicos como dívidas do Grupo Espírito Santo. O banco mau vai fechar. O banco bom vai continuar as operações. Mas precisa de uma ajuda financeira.

Esse “novo” BES vai receber uma ajuda financeira para cobrir as insuficiências de capital detectadas após os prejuízos de 3.577 milhões de euros. Será necessária uma ajuda de 4,9 mil milhões de euros, revelou o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, este domingo.

O capital do Novo Banco passa a ser “totalmente detido pelo fundo de resolução”, que não inclui “fundos públicos”, disse Carlos Costa, adiantando que será contraído um empréstimo junto do Estado português, que é “temporário” e que pode ser substituído por um empréstimo da banca.

Carlos Costa assegurou que esta operação “não terá qualquer custo para o erário público e contribuintes”.

Todo esse dinheiro será pago pelo fundo de resolução, um fundo criado em 2012 para que a banca suportasse a ajuda à banca. Só que esse fundo, que resulta de contribuições dos bancos e da contribuição especial imposta ao sector financeiro, ainda não tem dinheiro suficiente. Só começou a receber dinheiro no ano passado e, no final de 2013, só tinha 182 milhões de euros. Agora, terá de reforçar capital para que haja 500 milhões de euros para a ajuda ao BES, segundo sabe o Negócios.

Os restantes 4,4 mil milhões de euros que completam a fasquia da assistência financeira virão, também, do fundo de resolução. Só que terão origem na linha de capitalização da troika, disponibilizada em 2011 quando Portugal recebeu o resgate financeiro externo. Essa linha tinha, inicialmente, 12 mil milhões de euros. Foram gastos 5,6 mil milhões com as ajudas que BCP, BPI e Banif receberam. Restaram os 6,4 mil milhões. Serão usados 4,4 mil milhões com o BES. Ficam 2 mil milhões nesta linha de capitalização da troika.

Carlos Costa falou nos 4,9 mil milhões de euros na declaração deste domingo (sem direito a perguntas) mas não especificou as parcelas que o constituem.

O dinheiro será injectado no “novo” BES – que irá mudar de nome. Chama-se Novo Banco. Um banco que ficará com todos os depósitos mas também os bons créditos do antigo BES.

O banco mau vai ficar com os activos de empresas em dificuldades. As dívidas do Grupo Espírito Santo são um exemplo. Tal como o Banco Espírito Santo Angola.

Empréstimo devolvido quando Novo Banco for vendido

Há um empréstimo de 4,9 mil milhões de euros no BES, por via do fundo de resolução Não se sabe por quanto tempo nem a que custo (juro). Mas esse dinheiro terá de ser devolvido. Essa devolução irá acontecer quando o Novo Banco for vendido, preferencialmente numa oferta pública inicial.

O objectivo é que o fundo de resolução fique accionista até à realização de uma operação de venda, em que irão entrar novos accionistas.

Um dos cenários é que haja investidores interessados em adquirir o BES e que paguem 4,9 mil milhões de euros por isso – aí, a linha que foi emprestada era ressarcida totalmente e os bancos também receberiam.

Mas há um cenário negativo: a de que o montante global dos investidores interessados em comprar participações no Novo Banco fique abaixo dos 4,9 mil milhões. Aí, os bancos terão de entrar com o diferencial. Por exemplo, se houvesse investidores que quisessem pagar 4 mil milhões de euros pelo Novo Banco, os bancos teriam de arranjar 900 milhões de euros para chegar ao valor a reembolsar.

Se, caso contrário, o dinheiro arrecadado junto de investidores interessados no BES for superior, o dinheiro adicional irá para o “bad bank”. Por exemplo, uma venda a 5,5 mil milhões de euros do Novo Banco iria dar uma “margem” de 600 milhões de euros. Valor que iria para os accionistas e para quem detém dívida subordinada (não preferencial) do “bad bank” criado pelo Banco de Portugal para ficar com os activos tóxicos do BES.

Fonte: Negócios

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