A forte descida dos preços da matéria-prima tem vindo a colocar grande pressão nos países produtores, mesmo os que pertencem à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Se para alguns países basta que o petróleo esteja a apenas alguns dólares por barril para manterem as contas públicas equilibradas, para outros são precisas várias dezenas. E num contexto de forte queda dos preços da matéria-prima, criam-se desequilíbrios acentuados. Angola estimava um valor de 45 dólares, mas as cotações teimam em manter-se abaixo desse patamar, o que levou o país a “mergulhar” num pedido de ajuda ao Fundo Monetário Internacional.
Da centena de dólares, o preço do barril passou para as poucas dezenas. Chegou, no início de Fevereiro, a tocar nos 26,05 dólares em Nova Iorque, um mínimo de 12 anos, perante o excesso de oferta da matéria-prima num contexto de reduzida procura. Só a abertura da Arábia Saudita (o maior produtor da OPEP) para, em conjunto com a Rússia, congelarem a produção em níveis recorde levou os preços a recuperarem. Mas não muito.
O barril de West Texas Intermediate (WTI) está nos 37,33 dólares. O valor médio desde o início deste ano está em 33,84 dólares, um valor bem mais elevado do que o mínimo atingido a 11 de Fevereiro, mas que está bastante aquém dos 45 dólares que o governo angolano inseriu no seu orçamento, projectando as receitas estatais com a exportação da matéria-prima. Em 2015, o preço médio do WTI foi de 48,78 dólares, quase metade dos 92,93 dólares em 2014.
Este valor veio a revelar-se demasiado optimista, como já previam alguns economistas que antecipavam a necessidade de um rectificativo com medidas de austeridade para evitar uma situação de emergência. Angola acabou, no entanto, por não resistir. As autoridades angolanas pediram ao FMI para negociar um programa de assistência económica e financeira.
O orçamento para 2016 previa um défice de 5,5% e um crescimento do PIB de 3,3%. Era, já na altura, descrito como um orçamento de manutenção da austeridade, devido à crise da cotação do petróleo, que em 2015 obrigou ao corte de um terço das despesas de um país extremamente dependente das receitas desta matéria-prima. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana: produz cerca de 1,7 milhões de barris por dia.