Fracos dados económicos na China e o colapso da bolsa de Xangai explicam, em grande medida, a derrocada da cotação das matérias-primas.

O mercado mundial de matérias-primas tem estado ao rubro. Na passada segunda-feira, o Bloomberg Commodities Index, índice que segue 22 das principais matérias-primas recuou até ao patamar mais baixo em mais de 13 anos. Desde o petróleo ao ouro, passando pelos metais industriais como o cobre, o níquel e o alumínio, e pelos produtos agrícolas, como o café, o açúcar e o trigo, a generalidade das ‘commodities’ vêm a acumular fortes desvalorizações.

Os especialistas do mercado apontam várias razões para justificar o rumo descendente das cotações que se acentuou sobretudo no último mês. Em Julho, o índice de ‘commodities’ da Bloomberg deslizou perto de 11%, alargando para 13% a queda acumulada este ano. A manter-se essa evolução, 2015 poderá ser o quinto ano consecutivo de quedas para a matérias-primas.

A força do dólar e a expectativa de subida dos juros nos EUA são alguns dos factores incluídos na fórmula que sustentam as recentes quedas. Mas os sinais de fragilidade com origem na China são o principal argumento utilizado para explicar a derrocada das cotações das matérias-primas.

O abrandamento do crescimento da economia chinesa – a maior consumidora de ‘commodities’ do mundo – para o ritmo mais lento dos últimos 25 anos tem constituído um factor de pressão sobre as cotações. Os últimos dados sobre a economia chinesa divulgados na segunda-feira adensaram ainda mais esses receios. Os números do índice dos gestores de compras Caixin/Markit, patrocinado pelo HSBC mostraram que a produção industrial caiu mais do que o esperado em Julho, sofrendo o quinto mês consecutivo de quedas. O PMI oficial recuou para mínimos de cinco meses. “Os dois índices industriais viram os seus principais componentes – novas encomendas, ‘output’, inventários de matérias-primas – perderem ritmo, sugerindo que a economia real, que se julgava estabilizada a níveis baixos, ainda está a lutar para dar a volta”, explicou Tao Wang, economista da UBS.

O próprio colapso da bolsa chinesa veio também agravar o cenário para as matérias-primas. Segundo o analista sénior de matérias-primas do Commerzbank, Carsten Fritsch, os investidores estão a vender metais porque não podem transaccionar acções devido às restrições impostas pelo governo.

É perante este contexto que as cotações dos metais recuaram até ao patamar mais baixo desde 2009, o petróleo entrou em terreno de ‘bear market’, com o crude a transaccionar actualmente em torno dos 45 dólares/barril e o ‘brent’ ligeiramente acima da fasquia dos 50 dólares. Também a platina recuou esta terça-feira até ao nível mais baixo em mais de seis anos e o paládio recuou para valores de 2012.

A expectativa do mercado aponta para que os preços das matérias-primas se mantenham sob pressão pelo menos no curto prazo. “Até que se assista a alguma estabilidade com origem na China, espero que se continue a ver fraqueza nas ‘commodities'”, defendeu David Lennox, analista da australiana Fat Prophets à Bloomberg.

Fonte: Económico

 

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