Zona euro deve introduzir mecanismo único de protecção dos depositantes, disse Mario Draghi, avisando que foi uma falha nesse tipo de reformas que fragilizou a UE.

Os clientes bancários devem ter a mesma protecção em todos os países da zona euro, considera o presidente do Banco Central Europeu, alertando que é tempo de todos os aspectos da União bancária serem concluídos.

Embora não seja a primeira vez que Mario Draghi faz o apelo, o seu aviso visa pressionar a Alemanha e outros países a pôr fim a um impasse ao assunto. Berlim nunca quis que os seus bancos se responsabilizassem por perdas noutros Estados-membro.

Num discurso proferido hoje, em Frankfurt, Mario Draghi defendeu que foram as inconsistências internas a tornar a União muito mais vulnerável quando um choque externo a atingiu. Citado pela Reuters, avisa que deverá ser criado um mecanismo único de protecção, independentemente de onde estão os depositantes.

“Em particular, os depósitos, que são a forma mais comum de disseminar o dinheiro, têm de inspirar o mesmo nível de confiança em qualquer lado que estejam localizados”, afirmou Draghi.

A protecção de depositantes é um tema que se cruza com a directiva comunitária que entrará plenamente em vigor em 2016. A partir de 1 de Janeiro, os depositantes passam a estar também na “linha de fogo” para socorrer bancos que venham a ter problemas, ainda que sejam chamados apenas depois dos accionistas, obrigacionistas e grandes empresas, e só se o capital captado junto destes não for suficiente para salvar o banco. E, ainda assim, apenas após uma avaliação feita pelas autoridades europeias, em que será tido em conta se a captação dos depósitos acima de 100 mil euros dos particulares, micro e PME terá impactos na confiança no sistema bancário.

Um dos membros do conselho de supervisão do BCE, Mathias Dewatripont, alertou esta quarta-feira que a directiva comunitária que visa proteger o dinheiro dos contribuintes deixa os depósitos de curto prazo, usualmente utilizados por quem faz poupanças, expostos a perdas. “Francamente, isto pode ser perigoso”, considera o membro do Banco Central Europeu.

A entidade central supervisiona desde há um ano os bancos da zona euro para garantir a solidez do sistema financeiro europeu. Lançado a 4 de Novembro, o Mecanismo Único de Supervisão assegura a supervisão directa de 123 grupos bancários de 19 países da zona euro.

Fonte: Económico

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