Os primeiros sinais de retoma da economia e o aumento da procura estão a incentivar as empresas a avançar com novos projectos. A oferta actual de quartos cresce em 5,4%.

O país prepara-se para receber, ao longo deste ano, 58 novos empreendimentos turísticos, 57 dos quais são novos hotéis e uma Pousada de Portugal. As contas são da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) que contabiliza um crescimento de 5,4% no número de quartos que vão estar disponíveis no mercado. Grupos como Pestana, Vila Galé, Sana, Turim, Júpiter, Porto Bay são algumas das empresas que estão a contribuir para este reforço da oferta, sobretudo em Lisboa.

Até 15 de Abril já abriram dez projectos deste total, que correspondem a 610 quartos. Amanhã o mercado recebe o primeiro hotel da marca angolana Skyna, enquanto para o próximo sábado está agendada a inauguração do novo Vila Galé Évora.
Face a este reforço da oferta na hotelaria, a presidente da direcção executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, lembra ao Económico que “os resultados do turismo, na conjuntura, são interessantes, sendo que 2013 já foi um ano de retoma e, em 2014, sustentou-se essa retoma quer em termos de taxa de ocupação quer em RevPar” (preço médio por quarto disponível). Cristina Siza Vieira sublinha que “continua a haver vontade e intenção em investir”. Mas, realça que “os projectos de empreendimentos turísticos, sobretudo hotéis, estão em ‘pipeline’ há bastante tempo” e agora estão a sair do papel. Este reforço da oferta passa por novas unidades, mas também pela remodelação e reconversão de edifícios, alguns abandonados, em hotéis.

Quanto a números, para 2015, o total de 57 novos hotéis previstos acrescentam ao mercado 4.752 quartos – o valor total do investimento não foi revelado. O que significa que, se em 2014, estavam registados 1.121 hotéis com 87.984 quartos, com estas novas unidades, “hipoteticamente, o mercado vai contar com mais 5,4% de quartos em hotelaria”, conclui Cristina Siza Vieira.

Em termos de distribuição, Lisboa é a região que se destaca no aumento da oferta com 23 novos hotéis e uma Pousada, que correspondem a 1.709 quartos. Depois vem a região do Porto e Norte que vão ter mais 14 unidades (1.201 quartos).

“Não são os ‘new comers’ que reforçam no mercado, mas sim as tradicionais cadeias hoteleiras” refere a responsável da AHP citando alguns exemplos como o Sana com o novo Evolution, o Tryp, Turim (mais três), Pestana (com mais dois), Porto Bay (com um), a Visabeira (um previsto para o Chiado), os espanhóis da Vinci (mais um).

Durante a crise financeira, o grupo Pestana “abrandou o investimento em Portugal” explica o presidente executivo da maior cadeia portuguesa, José Theotónio. Face “ao início da retoma estamos a desenvolver projectos que estavam em carteira”, acrescenta. Assim, em carteira estão a Pousada do Terreiro do Paço, com abertura agendada para o final de Maio, o Pestana Alvor South Beach, que deverá estar concluída no final do Verão, e ampliação e ‘restyling’ do Pestana Porto, que duplica a capacidade do hotel, já está em curso e com abertura faseada. Também o Pestana Tróia Eco-Resort “continua com uma excelente receptividade no mercado, o que lhe permitiu lançar a actual terceira fase, mais cedo do que previsto”.

O grupo fundado por Dionísio Pestana passou também a ser proprietário do Bahia Palace, nos Açores, depois da compra desta unidade à sociedade IATH. José Theotónio não tem dúvidas que Portugal ainda é atractivo para se investir e garante que “o grupo Pestana estará sempre disponível para analisar qualquer oportunidade”, mas “a localização e o valor do investimento são sempre os principais factores decisores”. Além dos projectos agendados para 2015, está “em carteira um hotel na Rua do Comércio, em Lisboa, previsto para 2017, e um hotel com cerca de 50 quartos, na Marina do Funchal, para 2016”, revela a mesma fonte.

Na Vila Galé, este ano, serão inaugurados duas novas unidades, uma em Évora com 185 quartos para um investimento de 15 milhões de euros e outra no Douro com 38 quartos, para o qual foram canalizados 2,5 milhões de euros. O administrador do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida, justifica a aposta: “Algumas regiões do país ainda têm potencial de crescimento e justificavam a presença de uma unidade Vila Galé. Com a rede de distribuição e venda e a notoriedade da marca conseguimos acrescentar valor a essas regiões que se traduzirá na captação de novo negócio”. Sobre a captação de procura, Rebelo de Almeida sublinha que as duas zonas onde vão nascer estes novos hotéis “têm mostrado resultados e procura crescente e como tal as expectativas são positivas”. A mesma fonte acredita que o mercado português ainda é atractivo, sendo que podem “existir mais algumas hipóteses em Lisboa e Porto”.

Amanhã é a inauguração do Skyna Hotel Lisboa que, de acordo com o presidente executivo da marca, Alexandre Portugal, nasce “no seguimento da estratégia de internacionalização da cadeia hoteleira Skyna Hotels, sendo este o primeiro em todo o mercado angolano a internacionalizar-se”. “Lisboa é um destino turístico considerado como um dos mais atractivos em todo o mundo”, por isso, “a nossa internacionalização deveria ser feita através de Lisboa”, justifica, lembrando que “os mercados mais interessantes” para a marca “são os que temos mais próximos”, como Espanha.

Para o administrador do Sana Hotels, Carlos Neves, “Lisboa é um destino que devido a todos estes factores atractivos convida a que os turistas estrangeiros a visitem mais do que uma vez”, o que justifica o reforço do investimento.

Fonte: Económico

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