O sector do desporto pode ser mais relevante do que pensa para a actividade económica portuguesa. Entre 2010 e 2012, produziu mais riqueza do que o vestuário ou a consultoria e programação informática.

Segundo os dados publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as 25 mil entidades que foram classificadas como fazendo parte do sector do desporto produziram cerca de 1,8 mil milhões de euros por ano entre 2010 e 2012. Isso representa 1,2% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da economia nacional.

De que dimensão estamos a falar? Este valor significa que o desporto tem tanta importância para a economia portuguesa como a “fabricação de produtos metálicos” (1,2%), alcançando até valores mais elevados do que a “consultoria e programação informática” (1%), o “vestuário” (0,9%) e as “actividades de arquitectura, de engenharia e técnicas afins” (0,8%). De notar que o vestuário não inclui o têxtil, que é classificado à parte nas metodologia das Contas Nacionais.

Se o ângulo de análise for o número de pessoas que emprega, o desporto representa 1,4% da mão-de-obra nacional. Isso representa o mesmo nível de postos de trabalho da “indústria da madeira, papel e cartão” (1,4%) e mais do que ramos de actividade como a já referida “consultoria e programação informática” (0,9%), “actividades imobiliárias” e “telecomunicações” (0,3%).

Os últimos anos não foram especialmente positivos para o desporto. Entre 2010 e 2012, o VAB e o emprego deste ramo sofreram contracções de 6,7% e 4,9%, respectivamente, mais do que os 3,6% e 3,9% observados na totalidade da economia.

“O período considerado correspondeu a uma fase de contracção geral da actividade económica em Portugal, tendo-se registado decréscimos significativos do Produto Interno Bruto (PIB) e do emprego. As actividades económicas relacionadas com o desporto apresentaram desempenhos ainda mais desfavoráveis, o que se reflectiu no comportamento dos principais indicadores”, pode ler-se na publicação do INE. “Com efeito, estas actividades foram afectadas pelo facto de a procura tender a ser particularmente sensível à evolução do rendimento das famílias e, de uma forma mais geral, à evolução da situação financeira da economia.”

O impacto das SAD

Quem faz parte deste mundo desportivo com impacto na economia? De longe, a maior parte das empresas está integrada na categoria “clubes desportivos e clubes de praticantes”. São 12,5 mil entre as 25 mil entidades identificadas pelo INE. Porém, não são as que geram mais riqueza. Apenas 5,7% do total. Por outro lado, as sociedades desportivas (as SAD) são apenas 24, mas representam 8,8% do VAB do desporto.

Ainda assim, existe outros tipos de entidades mais relevantes para a produção e o emprego. As entidades da Administração Pública relacionadas com desporto, por exemplo, são apenas 68, mas geram 430 milhões de euros por ano (um quarto do VAB do desporto) e empregam 12,3 mil pessoas.

Outra fatia importante está nas “entidades relacionadas com o desporto”, que representam mais de metade da riqueza do sector e mais de metade do emprego. Estão aqui incluídas empresas que produzem bens e serviços desportivos.

No que diz respeito a remunerações, quem trabalha no desporto ganha, em média, mais 5,2% do que na totalidade da economia portuguesa. Contudo, é preciso ter cuidado a analisar estes dados. É que, caso fossem excluídas as SAD, estas remunerações per capita seriam 6% mais baixas do que a média nacional. Aliás, as SAD têm salários médios equivalentes a 777,4% da média portuguesa.

Valor acrescentado bruto (VAT)
É o indicador que mede a produção de determinado sector ou país, subtraído dos consumos intermédios que são gastos nesse processo. Por exemplo, o alumínio comprado para fabricar uma lata de refrigerante.

Fonte: Negócios

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