Electricidade e água são as actividades com maior rendibilidade líquida.

A maior parte das empresas portuguesas é de micro dimensão e não é rentável. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal – e que serão hoje analisados numa conferência organizada pela instituição – 89% das empresas do país empregam menos de dez pessoas e têm um volume de negócios anual inferior a dois milhões de euros. Em média, a rendibilidade líquida destas empresas foi negativa no ano passado: -3% do seu volume de negócios.

Os dados mostram um tecido empresarial frágil. De acordo com o Banco de Portugal, no período do ajustamento o número de empresas no país até aumentou, com destaque para as micro-empresas. Face a 2010, o peso das micro-empresas subiu dois pontos percentuais no ano passado. Contudo, a maior parte do volume de negócios continua a ser gerado pelas grandes empresas e este dado até se intensificou: as empresas com mais de 250 pessoas ao serviço representam 0,3% do total, mas respondem por 43% do volume de negócios gerado em 2014 (mais dois pontos percentuais do que o verificado em 2010).

Em termos de rendibilidade líquida, no ano passado foram as pequenas e médias empresas as mais rentáveis (2,6% do seu volume de negócios), seguidas pelas grandes empresas (1,6). As micro continuam a não ser rentáveis (-3%). Em termos de rendibilidade por sector de actividade o panorama não se alterou face ao diagnóstico pré-ajustamento: electricidade e água são as actividades com maior rendibilidade líquida (11%), contra a industria e os serviços (2%).

As micro-empresas são também as que apresentam maior dificuldade em fazer face às dívidas. Por um lado, mais de metade do passivo das empresas desta dimensão (53%) estava associado em 2014 a empresas que não geravam EBITDA suficiente para cobrir os juros suportados. Por outro, é também neste grupo que o crédito vencido tem um peso maior: praticamente um quarto do total de crédito concedido (24,9%).

Aliás, este indicador degradou-se significativamente face a 2010, quando estava em 7,8%. E isto apesar do alívio nos juros que as empresas têm vindo a sentir, em termos globais. De acordo com os dados do Banco de Portugal, os juros suportados caíram 7% no ano passado e continuaram a diminuir no primeiro semestre de 2015.

Os dados da central de balanços mostram ainda que a autonomia financeira das empresas é, genericamente, baixa: apenas 30% dos seus activos foram financiados por capitais próprios. Também cerca de 30% das empresas em Portugal apresentavam capitais próprios negativos, sendo que entre as micro-empresas este peso sobe para 32%, mas no conjunto das grandes empresas cai para 6%.

No que toca a sectores de actividade, os dados mostram um aumento do peso da indústria depois dos quatro anos de ajustamento: responde por 26% do volume de negócios gerado, mais três pontos percentuais do que em 2010. Ao mesmo tempo, o sector da construção encolheu em quatro pontos, tendo passado para 6% do volume de negócios. Contudo, a economia portuguesa continua sobretudo marcada pelos serviços: 74% das empresas opera neste sector e os serviços são responsáveis por 60% do volume de negócios gerado.

Fonte: Económico

Comentários

comentários