O primeiro-ministro defendeu a criação de um “banco mau” que absorvesse os piores activos dos bancos nacionais. Mas qual o real peso do crédito malparado?

O crédito malparado tem batido máximos atrás de máximos e continua a minar o balanço dos bancos portugueses. E apesar de a economia portuguesa ter crescido no ano passado, os números do crédito vencido continuaram a aumentar.

António Costa constatou que este é um problema que dificulta o financiamento às empresas. E o primeiro-ministro defendeu este fim-de-semana, numa entrevista á TSF e ao DN, que o País devia “encontrar um veículo de resolução para o crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais activa no financiamento às empresas”.

Mas quais são os números do malparado em Portugal?

Malparado duplica desde 2010

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Quase 18 mil milhões de euros. É o valor do crédito vencido no balanço dos bancos portugueses, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal, referentes a final de Janeiro. Desde final de 2010, antes da chegada da Troika, o montante total do crédito vencido mais que duplicou, efeitos da crise económica dos últimos anos. Subiu de 8.695 milhões de euros para 17.708 milhões nesse período.

E os dados mais recentes continuam a mostrar subidas, se bem que de menor dimensão. O crédito vencido corresponde a 8,84% do crédito total. No final de 2010, esse dado, essencial para perceber a qualidade dos activos, era de 3,40%.

Novo Banco, CGD e BCP são os mais afectados

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Os maiores bancos a operar em Portugal não escaparam às subidas dos rácios de crédito vencido há mais de 90 dias. Mas os números mostram diferenças. O Novo Banco é o mais carregado com malparado, com o rácio de crédito vencido a atingir 14,50% no final de 2015. O número compara com os 1,95% reportados pelo BES em 2010. A CGD e o BCP também têm mais de 7% do total de crédito vencido há mais de 90 dias. No entanto, no caso do banco liderado por Nuno Amado registou-se uma descida ligeira do rácio em 2015.

O BPI e o Santander Totta têm rácios de crédito vencido bem mais baixos e registaram uma melhoria desse indicador em 2015.

Empresas são as maiores incumpridoras, especialmente as construtoras

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O problema do crédito malparado é bem maior no segmento de empresas do que nos particulares. O total do crédito vencido nas sociedades não-financeiras é de 12.645 milhões de euros, o que corresponde a mais de 70% do crédito nestas condições. O rácio de crédito vencido nas empresas corresponde a 15,5% do total de crédito concedido a esse tipo de entidades. Quase que quadruplicou desde final de 2010.

O maior foco de malparado são os sectores de construção e actividades imobiliárias, que têm um rácio de 29,44% de crédito vencido. Aquele tipo de empresas tem mais de sete mil milhões de euros em incumprimento, o que corresponde a mais de metade do crédito vencido de todo o segmento de sociedades não-financeiras.

Já o valor de crédito vencido dos particulares é de 5.063 milhões de euros, a que corresponde um rácio de 4,26% do crédito em incumprimento neste segmento. E, contrariamente às empresas, o crédito vencido nos particulares caiu em 2015.

Fonte: Negócios

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