O embaixador de Portugal em Otava considera que o acordo de comércio livre entre a União Europeia (UE) e o Canadá irá dinamizar as exportações portuguesas para aquele país da América do Norte.

Em entrevista à agência Lusa, Pedro Moitinho de Almeida, que na próxima terça-feira termina a missão no Canadá, considerou que a formalização de um acordo de comércio livre entre a UE e o Canadá “irá ser a pedra de toque para que as relações comerciais Portugal-Canadá vençam a inércia que tem existido e possibilite que os números comecem a ter o significado que o tamanho do Canadá e a comunidade portuguesa justificavam”.

Isto, apesar de existir, sublinhou, um “superavit” na balança comercial a favor de Portugal, ou seja, o valor das exportações é superior ao das importações.

Dos setores nacionais em que vê potencialidades de comércio para o Canadá no quadro do novo acordo dos 27, enumerou, “a par dos produtos tradicionais, o acordo irá facilitar a entrada no Canadá dos queijos e dos enchidos [portugueses], retirando impedimentos que existiam, irá tratar de denominações de origem e de várias outras questões”.

“Também nas novas tecnologias, nas tecnologias da informação, na área ambiental, há elevado potencial de cooperação entre os dois países e de crescimento das vendas portuguesas para o mercado canadiano”, exemplificou o diplomata.

“Seria também importante haver mais promoção dos produtos portugueses e mesmo de Portugal como produto turístico no Canadá”, preconizou, dando o exemplo do setor imobiliário como uma das áreas a sofrer uma contração no mercado interno, que pode ser apresentada a fim de atrair potenciais investidores.

Pedro Moitinho de Almeida enalteceu, por outro lado, a entrada e os investimentos realizados no setor mineiro português de grandes companhias canadianas, atualmente a liderarem o setor a nível mundial.

No domínio das pescas, o diplomata confirmou que presentemente há pesqueiros portugueses em atividade em águas canadianas, mas “não a pescar bacalhau. Só outras espécies de pescado”.

Apesar de começarem a correr informações de que os “stocks” de bacalhau canadianos estão a recuperar, a moratória imposta pelas autoridades canadianas em 1992 mantém-se e continuam as operações de fiscalização nos navios pesqueiros.

Foi aquela moratória à pesca do bacalhau que obrigou à retirada dos barcos portugueses desde há duas décadas das águas territoriais canadianas e originou durante vários anos alguma “fricção” entre Lisboa e Otava.

Mas a assinatura em 2005 de um memorando de entendimento bilateral na área das Pescas, o qual visava antever e resolver possíveis problemas antes que se verificassem, contribuiu para apaziguar as relações, e “tem funcionado de forma excecional”, considerou o embaixador português.

A definição de quotas de pescas com o Canadá é um dossiê negociado pela União Europeia.

“Atualmente, as relações [diplomáticas] entre Portugal e o Canadá são muito boas. Tenho recebido repetidamente das autoridades canadianas a mensagem da “excelência” do relacionamento, de que somos dois países aliados, amigos”, referiu ainda.

Pedro Moitinho de Almeida deixará Otava para assumir a titularidade da embaixada de Portugal em Viena, na Áustria.

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa

Fonte: Jornal i

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